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New York Times

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Fabricantes de LED na China conquistam mercado global

Por KEITH BRADSHER

GUANGZHOU, China - Há um ano, a indústria de LEDs da China parecia um exemplo de política industrial equivocada. Centenas de fábricas construídas no leste do país, muitas vezes com subsídios polpudos para energia limpa dados por bancos estatais e governos locais, estavam operando com metade da capacidade. Os preços das ações de fabricantes de LEDs estavam em queda.

Agora a demanda está aumentando, pois reguladores americanos, europeus e chineses impuseram regras de eficiência energética que decretaram o fim das lâmpadas incandescentes. Com isso, as fábricas chinesas passaram a operar com capacidade máxima, produzindo LEDs mais rapidamente e a preços mais baixos do que seus concorrentes globais.

Com a guerra de preços deflagrada, os chineses estão tomando a fatia de mercado de grandes fabricantes dos EUA, da Europa e do Japão, pioneiros nessa indústria e responsáveis por avanços tecnológicos cruciais, e de Taiwan e da Coreia do Sul, antes os líderes em LEDs de baixo preço.

Para alguns, a expansão dos LEDs chineses ecoa o que aconteceu com as indústrias de painéis solares e de turbinas eólicas, áreas em que a China passou de uma posição tímida a líder global, graças a amplos subsídios governamentais e a empréstimos com juros baixos de bancos estatais.

"A exemplo das energias solar e eólica, as lâmpadas de LED poderão se tornar a próxima oportunidade perdida pelos Estados Unidos por não terem enfrentado com rigor as políticas industriais chinesas e produtos comercializados de maneira injusta", disse Michael R. Wessel, membro da Comissão de Análise Econômica e de Mercado de Capitais EUA-China, que dá assessoria ao governo.

A questão dos LEDs, porém, é bem mais complexa do que apenas mais uma indústria criada por empresas ocidentais e depois cedida a concorrentes chineses.

Essa indústria é altamente segmentada. Os fabricantes chineses são mais fortes em LEDs de baixa wattagem, usados em televisores, telefones celulares e lâmpadas mais fracas, como as incandescentes de 40 watts. No entanto, empresas ocidentais ainda dominam o mercado de equipamentos de wattagem mais alta.

Muitos fabricantes chineses também têm má reputação em termos de qualidade, o que pode prejudicá-los a longo prazo. Em vez de durar uma década, os LEDs baratos podem queimar em menos de um ano ou começar a emitir uma luz de cor estranha. Segundo compradores e executivos de fábricas, os preços de LEDs de baixa wattagem chineses caíram quase pela metade no ano passado. Já os de wattagem mais alta, fabricados em outros lugares, caíram de 15% a 20%.

Alice Tao, analista do setor de iluminação, estimou que os preços muito baixos permitem que as empresas chinesas abocanhem cerca de 30% do mercado global. Isso lhes dá a maior participação de mercado, superando Japão, Coreia do Sul, Alemanha, Taiwan e EUA, que compartilham o restante do mercado em proporções bastante semelhantes.

Com as vendas aumentando rapidamente, as fábricas chinesas começaram a encomendar novos equipamentos de fornecedores ocidentais, que poderão melhorar a qualidade de seus LEDs.

Assim como ocorre com muitas indústrias chinesas em rápida expansão, há também problemas ambientais. Wang Wei, diretor de vendas da Foshan GuoLi Optoelectronics Technology Company, disse em uma entrevista que a empresa tem se empenhado para reduzir a quantidade de dejetos ácidos despejada em mananciais.

Todavia, a indústria de LED também está envolvida na busca da China por energia limpa, onde três quartos da energia elétrica ainda dependem do carvão.

A indústria de LEDs também tem atritos comerciais com a indústria de painéis solares. Os Estados Unidos e a União Europeia acusam o governo chinês de violar regras de comércio ao dar subsídios para a exportação de painéis solares, o que a China nega. Agora a China está estimulando o aumento da demanda doméstica por iluminação com eficiência energética e diminuindo os subsídios. Se a demanda doméstica aumentar, ficará mais difícil para os governos estrangeiros apontarem subsídios passados como violações comerciais.

Atualmente, muitas empresas chinesas estão empenhadas em lucrar mais. Se bancos estatais pararem de financiar a indústria chinesa com baixas taxas de juros, a consolidação pode ser inevitável. "Há um excesso de atores chineses nesse mercado, e a concorrência de preços é feroz", disse Tao. "A maioria deles não consegue ter lucros e tem dificuldade para sobreviver."

Caso os fabricantes chineses dominem de vez o mercado mundial, seus problemas só irão aumentar. A concorrência desenfreada ainda está instigando muitos deles a atuar de forma descuidada, comentou Li Junfeng, estrategista em políticas energéticas chinesas.

"O problema é que há um excesso de fabricantes de produtos de péssima qualidade."


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