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New York Times

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Síndrome faz mundo "encolher"

Por HELENE STAPINSKI

Paulina, minha filha de dez anos, teve uma dor de cabeça logo antes de dormir. Depois de alguns minutos, ela disse: "As coisas do meu quarto parecem todas muito pequenas". Lembrei subitamente de que, quando era menina, eu ocasionalmente via as coisas como que por um telescópio invertido, em geral quanto eu estava com febre ou nervosa. Os episódios duravam de alguns minutos a uma hora e desapareceram depois que cresci.

A condição, descobri mais tarde, chama Síndrome de Alice no País das Maravilhas. Os episódios em geral envolvem micropsia (os objetos parecem menores) e macropsia (os objetos parecem maiores). Alguns dos portadores dessa condição também percebem partes de seus corpos como maiores ou menores.

John Todd, psiquiatra britânico, batizou a condição em 1955, apontando que as distorções se pareciam com as descrições de Lewis Carroll para o que acontecia com Alice. Outro nome para a condição é Síndrome de Todd.

Os possíveis gatilhos da síndrome incluem infecções, enxaquecas, estresse e drogas, especialmente alguns remédios para tosse. Epilepsia e derrames foram ocasionalmente vinculados ao problemas, de acordo com pesquisadores. Há quem acredite que Lewis Carroll, que descreveu em seu diário as enxaquecas de que sofria, pode ter sofrido dela.

A síndrome de Alice no País das Maravilhas não é um problema óptico ou uma alucinação. Em vez disso, o mais provável é que seja causada por uma mudança no lobo parietal do cérebro, que processa percepções quanto ao ambiente. Alguns especialistas a consideram como uma espécie de aura, um alerta sensorial antecedendo uma enxaqueca. Ela em geral desaparece na idade adulta.

Diversos neurologistas realizaram exames de ressonância magnética em pacientes da síndrome, embora não restem sinais de atividade cerebral incomum após a passagem do surto. Sheena Aurora, neurologista na Universidade Stanford, na Califórnia, foi a primeira a conduzir um exame de ressonância magnética no cérebro de um paciente -uma menina de 12 anos- durante um episódio da síndrome. De acordo com o relatório da médica em 2008, a atividade elétrica causava fluxos anormais de sangue para partes do cérebro que controlam a visão e processam texturas, tamanhos e formas.

Grant Liu, neuro-oftalmologista pediátrico do Hospital da Criança de Filadélfia, disse que suas pesquisas sobre a síndrome mostram que mesmo pequenas mudanças no cérebro podem produzir efeitos dramáticos. Quando as áreas envolvidas na determinação de tamanhos, formas e distâncias funcionam incorretamente, disse o médico, "a experiência visual resultante pode ser extraordinária".

Liu disse que 33% dos 48 casos estudados tiveram sua causa identificada como infecção, 6% como enxaqueca e outros 6% como traumas na cabeça. Não foram encontradas outras causas.

Um quarto dos pacientes vieram posteriormente a sofrer de enxaqueca, constatou Liu. Ele disse que os familiares dos pacientes demoravam a admitir que também eram portadores da síndrome. Logo descobri que Dean, 14, meu outro filho, havia passado por episódios da síndrome por anos sem nunca mencioná-los para mim. "Muitos familiares não admitem a síndrome de primeira", disse Liu. "Eles querem primeiro ser reassegurados de que não são loucos".


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