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Lituânia sofre com sanções à Rússia

Restrições afetaram produtores rurais de país báltico

Por JACK EWING

ZIBENAI, Lituânia - A guerra de sanções entre a Rússia e países do Ocidente está prejudicando Kasia Jankun, dona de 80 vacas leiteiras.

Além de afetar a economia da Rússia, as sanções têm outras implicações. Jankun e outros pequenos produtores rurais neste país de 3 milhões de habitantes na região do Báltico estão sofrendo com o veto russo aos laticínios europeus.

A perda do mercado russo gerou um excedente de leite, que reduziu os preços na Europa muito abaixo dos custos envolvidos na produção. "Se esses preços não melhorarem até a primavera, iremos à falência", afirmou Jankun, 50, que tem uma fazenda de cem hectares no leste da Lituânia.

No início do próximo ano, a Lituânia deverá se tornar o 19° membro da zona do euro, mas sua economia continua profundamente entrelaçada com a da Rússia.

A agricultura é o motor econômico na região do Báltico, e a Rússia era o maior mercado para produtos lituanos como queijo e iogurte. Os pequenos produtores rurais da Lituânia -o segmento mais vulnerável do setor de laticínios do país- têm dificuldade para redirecionar seus produtos para outros mercados.

As tensões resultantes do conflito na Ucrânia estão tendo um efeito mais amplo no comércio mundial, sobretudo em países como a Alemanha, onde até recentemente muitas montadoras e fabricantes de maquinários consideravam a Rússia um mercado promissor e em rápido crescimento.

A unidade Opel da General Motors anunciou recentemente que reduziria a produção e demitiria operários em sua fábrica em São Petersburgo.

No entanto, o impacto econômico das sanções pode ser mais grave na Lituânia, que também é um importante polo de processamento do leite produzido por outros países da região do Báltico e um eixo de escoamento, por meio de portos no mar Báltico, de produtos destinados à Rússia.

As exportações de alimentos para a Rússia representam 2,7% do PIB da Lituânia, uma parcela bem maior da economia do que a verificada em todos os países da União Europeia.

O atual quadro econômico não deverá impedir a entrada da Lituânia na zona do euro em 1° de janeiro. Neste mês, porém, o Banco Central do país reduziu suas previsões de crescimento devido ao boicote russo.

A economia lituana crescerá 2,9% neste ano, em vez dos 3,3% previstos anteriormente. Para o próximo ano, prevê-se um crescimento de 3,3%, em vez de 3,6%.

No entanto, esse ainda é um dos índices de crescimento mais dinâmicos da União Europeia. Vitas Vasiliauskas, diretor do Banco Central da Lituânia, observou que, mesmo antes das sanções, as exportações lituanas já estavam sob pressão devido à desaceleração do crescimento na Rússia.

Na opinião dos lituanos, o presidente russo, Vladimir Putin, tem um ressentimento especial pelos países da região do Báltico, porque eles foram os primeiros Estados soviéticos a exigir a independência no final dos anos 1980. No outono passado, bem antes de a Rússia impor sanções formais, agentes aduaneiros estavam bloqueando importações de produtos agrícolas lituanos, sob o pretexto de restrições sanitárias.

Em consequência, a despeito das dificuldades econômicas, muitos lituanos são a favor de uma postura dura no trato com a Rússia. Linas Linkevicius, ministro das Relações Exteriores da Lituânia, tem pressionado os países da Otan a manterem uma presença mais ostensiva.

Linkevicius reuniu-se com grupos de empresários para discutir maneiras de abrir outros mercados para produtos lituanos. No entanto, será difícil compensar a perda das vendas para a Rússia.

A fazendeira Jankun disse não ter certeza sobre qual seria a melhor maneira de lidar com a Rússia. "Eu não ligo para política. Só quero que os russos comprem meu queijo", disse ela.


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