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Antigos filmes de terror para o público jovem

POR JASON ZINOMAN

No gênero cinematográfico do terror, poucos nomes têm mais respeito que o da Hammer.

O diretor John Carpenter comentou certa vez que assistir a "A Maldição de Frankenstein", o primeiro sucesso da Hammer Film Productions, quando era adolescente, o transformou. E Martin Scorsese já descreveu o obscuro "Frankenstein Created Woman" como "algo que se aproxima do sublime".

No entanto, a minúscula produtora britânica atravessou os anos 1970 com dificuldades e acabou parando de produzir justamente no momento em que o gênero de terror estava em alta.

Reativar a Hammer, à base de sequências e remakes, vem provando ser mais difícil que reanimar o monstro criado por Frankenstein.

Na década de 1980, um grupo cogitou comprar a Hammer, mas descobriu que a produtora não era dona de muitos de seus filmes mais conhecidos. Em 2000, um consórcio liderado pelo comprador de arte Charles Saatchi de fato comprou a Hammer. Em 2007, o executivo de TV a cabo Simon Oakes liderou a aquisição do catálogo de filmes da companhia e levantou US$ 50 milhões para produzir filmes novos.

O desafio de Oakes está em capitalizar em cima do afeto suscitado pela Hammer e, ao mesmo tempo, modernizar a companhia. Em sua época áurea, que começou em meados dos anos 1950 e durou aproximadamente uma década, os filmes da Hammer foram inovadores por serem feitos em Technicolor, por sua franqueza sexual e por seu misto improvável de exploração de questões de classe e de irreverência. Mas os longas da Hammer são desconhecidos das plateias jovens que cresceram assistindo a filmes como "Atividade Paranormal".

Os primeiros esforços da Hammer reformada, incluindo o aclamado remake "Deixe-me Entrar" e "A Inquilina", não foram grandes sucessos de bilheteria. Oakes disse, porém, que esses filmes não passaram de elementos na construção de sua próxima iniciativa, uma adaptação ousada de "A Mulher de Preto", que custou US$ 13 milhões e vai estrear em todo o mundo em fevereiro e em março.

Como os filmes clássicos da Hammer, esta história de fantasmas, rodada no Reino Unido, é um filme de época com pedigree elevado. Seguindo a tradição da Hammer, seu elenco inclui um astro. Em seu primeiro papel no cinema pós-"Harry Potter", Daniel Radcliffe faz um advogado e pai corroído por um sentimento de culpa, que começa a ver fantasmas quando está vasculhando os documentos deixados por uma morta. "Para a Hammer dar certo, ela precisa honrar seu legado", disse Simon Oakes.

A Hammer foi fundada em 1934 por um grupo comandado por um comediante de teatro de revista chamado William Hinds (seu nome artístico era Will Hammer). Os filmes que a produtora mais fez e com os quais teve mais sucesso foram dramas de época que revisitaram monstros clássicos da Universal Pictures.

Esse ciclo começou em 1957 com o tenso "A Maldição de Frankenstein", uma mudança importante em relação ao clássico estrelado por Boris Karloff. A Hammer ampliou o peso do personagem do médico e fez o monstro parecer mais humano. Em uma década repleta de discos voadores e monstros inspirados na era nuclear, a Hammer inspirava medo com rostos humanos.

O sucesso de "A Maldição de Frankenstein" levou, em 1958, a "O Vampiro da Noite", em que o vampiro representado por Christopher Lee cativou o jovem Martin Scorsese, que recentemente escolheu o ator para uma participação em "A Invenção de Hugo Cabret". Os filmes da Hammer, repletos de seios arfantes, eram mais explícitos com o sexo que com a violência. "As pessoas queriam ver lindas mulheres com alguns respingos de sangue", contou Shane Briant, que trabalhou em filmes da Hammer.

A nova Hammer procura manter alguma sofisticação. "Deixe-me Entrar" foi um dos remakes de terror que receberam as melhores críticas na história.

E o diretor de "A Mulher de Preto", James Watkins, diz que assustar o espectador não é o único objetivo. "O filme trata de alguma coisa", disse ele. "Trata da perda." E não há um único seio arfante à vista.

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