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A sabedoria dos idosos

A busca pelo significado da vida levou os interessados ao cume de montanhas, a mosteiros e ao materialismo. Mas uma fonte de sabedoria às vezes desprezada são as pessoas que simplesmente viveram mais tempo.

Os idosos sobreviveram a sua parcela de fracassos, vitórias, alegrias e tristezas, e nesse caminho a maioria tirou algumas lições da vida. Então, que tipo de sabedoria surge de ter passado 70, 80 anos ou mais no planeta?

Para começar, o caminho mais seguro nem sempre leva à vida mais satisfatória.

Como David Brooks escreveu no "Times", em uma série de colunas baseadas nas ruminações de pessoas mais velhas, elas muitas vezes lamentam os riscos que não assumiram. Um homem confessou que tinha passado a vida como "um espectador" e desejaria ter sido mais "aventureiro".

De maneira reveladora, Brooks acrescentou que poucos idosos lamentavam ter assumido riscos, mesmo aqueles que não tinham dado muito certo. Como disse um homem, "do ponto de vista profissional, foi uma estrada acidentada, mas, se a diversidade é o tempero da vida, a minha pareceu um curry indiano picante".

Outros não se arrependiam de ter deixado um casamento sem amor; poucos recomendavam casar-se jovem. Um homem compartilhou uma dura lição aprendida: "Levei 20 anos do meu casamento de 50 para descobrir que era inútil tentar modificar minha mulher".

Em outro estudo informal de pensamentos de idosos, Jane Brody, do "Times", descobriu que a satisfação no emprego superava o dinheiro. "A coisa mais importante é estar envolvido em uma profissão que você absolutamente adora", disse um leitor idoso, "e que você goste muito de ir para o trabalho todos os dias."

Outro lhe disse: "Não perca seu tempo preocupando-se com o envelhecimento". E um homem de 92 anos acrescentou: "Acho que sou mais feliz hoje do que nunca antes na vida. As coisas que eram importantes para mim não são mais, ou não tão importantes".

Esse conselho é reforçado por estudos que revelam que conforme as pessoas avançam em anos a maioria é na verdade mais feliz. Segundo um estudo Gallup com 340 mil americanos publicado em 2010, muitos se sentiam muito bem sobre si mesmos ao redor dos 18 anos. Então, sua autoestima iniciou um declínio constante. Felizmente, a satisfação ressurgiu por volta dos 50 anos. Consequentemente, a maioria das pessoas no estudo relatou que era mais feliz aos 80 do que tinha sido na adolescência. E a maioria disse que nunca voltou aos buracos emocionais do início dos 50.

"É um fato muito animador que podemos esperar ser mais felizes no início dos 80 do que fomos aos 20", disse ao "Times" Andrew J. Oswald, professor de psicologia na Escola de Economia Warwick, na Inglaterra. "E não é ser conduzido predominantemente pelas coisas que acontecem na vida. É algo muito profundo e humano que parece conduzir isso."

No entanto, todo o sofrimento da meia-idade pode formar algumas boas memórias. Como escreveu Patricia Cohen, autora de "In Our Prime: The Invention of Middle Age" [O melhor momento: A invenção da meia-idade], estudos demonstram que o estresse atinge o pico na meia-idade -mas também a confiança nas próprias capacidades. Talvez seja por isso que a meia-idade ainda se classifica como um momento da vida ao qual a maioria das pessoas com mais de 65 anos gostaria de ter.

Então, qualquer pessoa apanhada no redemoinho de uma crise crônica de meia-idade deveria se alegrar. Da perspectiva sábia dos mais velhos, um dia poderá parecer a idade de ouro.

Mas toda época da vida tem seus pontos cegos. Como disse Oscar Wilde: "Os velhos acreditam em tudo, os maduros desconfiam de tudo, os jovens sabem tudo". KEVIN DELANEY

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