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Ensaio - Herminia Ibarra

O segredo da eficiência: chegar tarde e sair cedo

Tenho mais energia para minha família e para meu trabalho

Alguns anos atrás, uma amiga, ao me ouvir descrever os horrores dos meus trajetos entre casa e trabalho em Paris, disse que eu deveria decidir quando queria ver meu filho todos os dias: de manhã ou à noite, mas não os dois.

A rotina de meus colegas que trabalham longe de casa é a mesma: ou chegar cedo e sair cedo ou chegar tarde e sair depois da hora do rush. Nenhuma é satisfatória, mas todos concordam que apenas um longo período de tempo no escritório justifica dirigir tanto.

Eu experimentei trabalhar mais dias em casa. Mas as pessoas no trabalho disseram que eu fazia falta, e acredito que meu salário refletiu essa percepção.

Felizmente, há alguns meses encontrei uma maneira melhor de dividir meu tempo entre a casa e o escritório: chegar mais tarde e sair mais cedo. Como acadêmica, eu tenho sorte: posso ir e vir como quiser, desde que continue publicando meu trabalho.

Comecei a levar meu filho, que está com seis anos, à escola com maior frequência, mesmo quando meu marido está livre. Caminhar em trio é uma delícia que me anima pelo resto do dia.

Eu também comecei a voltar para casa do trabalho cedo o suficiente para ajudar meu filho com a lição de casa. E escrevo muito em casa. Ainda trabalho muito, mas agora tenho mais energia para minha família e meu trabalho, e sou mais produtiva.

Em consequência, sinto-me mais ligada ao grupo que lidero. Não é apenas uma simples questão de estar mais tempo visível. Como presidente do meu departamento, é minha função passar tempo com meus colegas.

Depois que comecei minha nova abordagem, li um artigo de Erin Reid, uma candidata a doutorado na Universidade de Harvard que estuda as identidades profissionais dos homens. Uma grande porcentagem dos homens que ela estudou comprava a ideologia tradicional que exige um parceiro para administrar a casa. Um grupo menor procurava mudar de profissão para alinhar suas vidas com seus valores.

Mais interessante, porém, é que ela encontrou uma terceira categoria de homens que tinham sucesso em termos de avaliações e remuneração por desempenho, mas que trabalhavam menos horas e não estavam disponíveis para o escritório à noite, nos fins de semana e nas férias.

Esses homens escolhiam os projetos e os clientes que permitiam mais flexibilidade -e se cercavam de colegas de mentalidade semelhante que ajudariam uns aos outros. Mas também aprenderam que era melhor para suas profissões permanecer discretos sobre sua estratégia.

Eu gostaria que essa flexibilidade se estendesse para mais pessoas. Nossas práticas e culturas de trabalho foram construídas no tempo da família de um único provedor. Talvez esteja na hora de mudar essa expectativa.

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