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A Mulher-Maravilha em versão metálica

Por RUTH LA FERLA

Uma heroína é feita de músculos e cérebro, mas, se você fizer parte da safra de mulheres-maravilha atualmente nos cinemas, precisará também de um guarda-roupa de inspiração industrial, lindo de morrer.

Trish Summerville, figurinista do filme "Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres", tem a fórmula: jaqueta de motociclista, casacão com capuz, cardigãs esburacados e camisetas esfarrapadas.

São os mesmos elementos, aliás, de uma microcoleção que Summerville lançou em dezembro como homenagem à protagonista do longa-metragem.

Ela é Lisbeth Salander, uma hábil hacker interpretada por Rooney Mara na adaptação para o cinema do romance de Stieg Larsson.

Na tela, seus olhos com delineador vermelho, os piercings chamativos e as tatuagens sugerem um híbrido de um ser alienígena com uma arruaceira.

A personagem é o mais recente fenômeno pop por trás do resgate do couro, das tachas metálicas, dos jeans rasgados e dos coturnos.

Mara ressuscitou a subversiva mistura dos estilos gótico, punk, rock e fetichista, ultimamente ofuscado nas passarelas por clones de Kate Middleton, e lhe injetou uma dose de fascínio perverso.

A imagem da atriz, um prolongamento da sua personagem de cabelo joãozinho, parece onipresente nas capas de revistas como "W" e "Vogue", nos cartazes do filme e nos tapetes vermelhos dos eventos promocionais.

Para Rocky Rakovic, guru da contracultura e editor da revista "Inked", esse é "o mais dinâmico personagem a saltar das telas nos últimos tempos".

Leslie Simon, autora de um livro sobre a moda "geek", observou que o estilo transgressor de Salander tem sido o padrão de Hollywood.

Na terra do cinema americano, persiste a convicção de que uma heroína "não pode ser feminina para fazer o que estereotipadamente é considerado trabalho de homem".

No entanto, Mara tempera com feminilidade a sua imagem das telas, ao aparecer neste ano nos tapetes vermelhos usando atraentes vestidos com toques góticos de grifes famosas como Nina Ricci e Prabal Gurung.

Seu aspecto sombrio no filme espelha o estilo de várias coleções na temporada de outono. Louis Vuitton, Alexander McQueen e Alexander Wang estiveram entre as várias grifes a oferecerem versões exaltadas para o estilo chique-urbano-industrial.

Um jeito ainda mais indomado foi ressuscitado pela Givenchy no seu desfile de primavera.

Tatuadores estão aproveitando e sofisticados salões de cabeleireiros também, com o aumento da procura por cortes de cabelo radicais.

Diane Leach, que escreve na revista eletrônica PopMatters, disse que as calças justas de Salander evocam a roqueira Joan Jett, que, apesar da sua estatura reduzida, "projeta uma grande personalidade".

Salander, também uma figura "mignon", parece igualmente imponente, pois sua imagem ecoa o seu absolutismo moral.

"A corrupção a ofende", observou Leach.

A personagem está anotando nomes e se vingando. E, disse Leach, "não vai fazer isso num par de sapatos Miu Miu".

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