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Teleguiados de olho nos mercados comerciais

Por NICK WINGFIELD e SOMINI SENGUPTA

WOODLAND HILLS, Califórnia - A carreira de Daniel Gárate caiu por terra com um estrondo, recentemente. Foi quando o Departamento de Polícia de Los Angeles advertiu os agentes imobiliários para não contratar fotógrafos como Gárate, que estava ajudando a vender propriedades de luxo usando um avião teleguiado para fazer filmes aéreos. Os teleguiados para fins comerciais, segundo a polícia, violam as regras federais de aviação.

A carreira de Gárate logo voltará a seu curso normal. Uma nova lei federal assinada pelo presidente em 16 de fevereiro obriga a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos a permitir o uso de teleguiados para fins comerciais -desde vender imóveis a borrifar colheitas e monitorar vazamentos de petróleo até fazer filmes de Hollywood. A polícia e os serviços de emergência locais também terão maior liberdade para enviar seus teleguiados.

Mas, enquanto empresas e fabricantes desses aparelhos comemoram a abertura dos céus a esses veículos não tripulados, a lei levanta novas preocupações sobre quanto detalhe os teleguiados vão capturar das vidas lá embaixo -e o que será feito com essa informação. Preocupações de segurança como colisões em pleno voo também são uma questão.

Os tribunais americanos, em geral, permitiram a vigilância de propriedade privada do espaço público aéreo. Mas estudiosos da lei de privacidade esperam que a provável proliferação de teleguiados obrigará os americanos a reexaminar o nível de vigilância que consideram confortável.

Os defensores dos teleguiados dizem que as preocupações de privacidade são exageradas. Randy McDaniel, vice-chefe do Departamento de Polícia do Condado de Montgomery em Conroe, no Texas, cujo órgão comprou um teleguiado para operações policiais, rejeitou as preocupações sobre vigilância. "Não vamos espionar as pessoas", disse. "Nos preocupamos com elementos criminosos."

McDaniel disse que sua equipe da SWAT poderia usá-lo para reconhecimento, para gerenciar o tráfego rodoviário depois de um grande acidente ou para procurar uma pessoa desaparecida.

Mas a União Americana de Liberdades Civis e outros grupos de direitos humanos pedem novas proteções contra o que dizem que poderá ser a "vigilância aérea rotineira da vida americana".

Para os fabricantes de teleguiados, a mudança na lei chega em um momento especialmente bom. Com a diminuição da guerra no Afeganistão, onde os teleguiados foram usados para obter informação e disparar mísseis, os fabricantes têm esperado oportunidades nos EUA.

O mercado de teleguiados é avaliado em US$ 5,9 bilhões e deverá duplicar na próxima década, segundo números da indústria. Os teleguiados podem custar milhões de dólares ou apenas US$ 300, como um que pode ser pilotado com um iPhone.

Para Patrick Egan, que representa pequenas empresas em seu trabalho para a Associação de Fotografia de Controle Aéreo Remoto da Califórnia, a nova lei, que deverá entrar em vigor no fim de 2015, já está atrasada.

Até 2007, quando o órgão federal começou a advertir sobre o uso não recreativo de aviões teleguiados, ele ganhava até US$ 2 mil por hora usando um desses aparelhos para fotografar colheitas. "Tenho agricultores orgânicos gritando para que eu apareça", disse.

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