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De um mundo distante, músicos terceirizam produções de vídeo artísticos

Por BEN SISARIO

Como muitos músicos independentes, Drew Smith não tinha uma gravadora para promover sua carreira, nem máquina publicitária para colocar sua música nas mãos dos ouvintes, nem dinheiro suficiente para fazer um videoclipe. Então, ele seguiu o caminho das grandes empresas e terceirizou.

Em outubro, Smith contratou uma escola de dança em Bangalore, na Índia, para fazer um clipe para sua canção "Smoke and Mirrors" ["Fumaça e Espelhos"] apresentando coreografia no estilo Bollywood e atores indianos.

Por US$ 2 mil, Smith atraiu um pouco da moeda mais importante da música: atenção. Desde que foi publicado no YouTube em 2 de fevereiro, o clipe já foi assistido mais de 179 mil vezes.

"Você ouve falar muito em terceirização de grandes empresas", disse Smith, que ensina inglês para imigrantes em Hamilton, no Canadá. "Eu estava apenas tentando pensar em uma maneira original de lançar o disco e promovê-lo."

O clipe de Smith mostra as tecnologias de produção disponíveis até para os músicos mais discretos, que hoje montam gravações enviadas pela internet de estúdios domésticos em todo o planeta.

"É para lá que a coisa vai", disse Adam Dorn, produtor e músico. "As pessoas sempre irão para aonde precisam ir e, enquanto as grandes gravadoras desmoronam, você só precisa fazer as coisas acontecerem."

Dorn decidiu usar um aluno polonês para fazer a animação no estilo anos 1930 para seu clipe "Shake Ya Boogie", cinco anos atrás, depois que cineastas americanos lhe apresentaram orçamentos de até US$ 40 mil. O estudante cobrou US$ 2.500.

Smith fez uma rápida busca na web por assistentes virtuais -intermediários de empresas, muitas vezes de países de fala inglesa como Índia ou Filipinas, que realizam quase qualquer tarefa por um preço- e foi conectado a Asha Sarella, uma jovem assistente que também é professora em uma escola de dança em Bangalore.

O vídeo foi gravado em três dias, disse Sarella, e o filme completo estava na caixa postal de Smith em três semanas.

Sarella, que em 2005 conquistou certa fama de terceirização quando apareceu em uma reportagem na revista "Esquire", disse que apreciou a oportunidade de fazer algo mais criativo do que as tarefas para executivos distantes que geralmente faz.

O influxo de novos clientes potenciais de sua coreografia já lhe permitiu deixar seu emprego como assistente virtual. "Eu apenas mudei de carreira", disse.

Smith disse que sabia que, como um ocidental branco pagando barato por um filme no estilo indiano de Bollywood, ele poderia ser acusado de exploração ou imperialismo cultural.

Porém, ele negou ambos, dizendo que seu emprego de professor abriu seus olhos para a diversidade de outras culturas.

"Muitas vezes o que é considerado bacana e moderno só é definido por fronteiras", disse Smith. "Mas eu descobri que era fácil traduzir."

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