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Novos ricos da Ásia atraem os franceses

Presença da França cresce na China, Tailândia e Índia

Por BETTINA WASSENER
HONG KONG - Gregory Joinau-Baronnet chegou a Hong Kong há cerca de um ano, trazendo duas malas e o desejo de vender vinhos franceses. Ele deixou o seu país por causa da estagnação na sua agência imobiliária especializada em vinícolas.

Em janeiro de 2011, pegou um avião para um lugar que ele sabia estar bombando: Hong Kong. "Eu precisava me mexer", disse Joinau-Baronnet, 31, que montou a Jetson Trading, pequena empresa que vende água mineral e vinhos finos de Bordeaux, sua terra natal.

Empresas de luxo estão invadindo a Ásia, onde há muito dinheiro e um insaciável apetite por esse tipo de produto, e junto com elas chega uma leva de expatriados franceses, atendendo os novos-ricos asiáticos com um "savoir faire" que está alterando o rosto das comunidades tradicionalmente anglo-saxãs de Hong Kong e de Cingapura.

Ambas as cidades são destinos muito procurados por causa dos seus sistemas jurídicos funcionais e do acesso a mercados remotos da China continental e do Sudeste Asiático.

O fluxo de ocidentais para a Ásia atrás de empregos ou oportunidades empresariais engrenou nos últimos anos, segundo James Cars, executivo da companhia de recrutamento Hudson, de Hong Kong.

Muitas empresas francesas têm sedes regionais ou subsidiárias nessa região administrativa especial da China.

A comunidade francesa em Hong Kong cresceu mais de 60% desde 2006 e já ultrapassa 10 mil pessoas, segundo o consulado da França. Em Cingapura, ela praticamente dobrou nesse período, superando os 9.200 cidadãos.

Há também consideráveis comunidades francesas na China continental, em Bancoc e no sul da Índia, em parte porque empresas francesas associadas a produtos de luxo, restaurantes finos, vinhos, bancos e outros setores querem cidadãos franceses nas suas equipes.

Para efeito de comparação, o número de residentes americanos e britânicos em Hong Kong cresceu menos de 10% desde o fim de 2006 e a comunidade alemã se manteve estável.

Basta andar pelos bares e lojas de luxo da cidade para ouvir pessoas conversando em francês. A escola internacional francesa está abarrotada de alunos.

Os restaurantes comandados por franceses se multiplicaram. O pequeno Pastis é muito frequentado por residentes franceses de Hong Kong desde a inauguração, em 2009. Pelo menos dois outros restaurantes franceses abriram nos últimos meses.

O apelo de Hong Kong junto aos consumidores da China continental, que se beneficiam dos impostos mais baixos para muitos produtos, faz da cidade um lugar crucial para quem deseje atender à clientela chinesa. Isso também contribui para que a comunidade francesa de Hong Kong seja uma das maiores da Ásia.

O marchand parisiense Edouard Malingue, 38, se mudou para Hong Kong em 2009, após concluir que a cidade oferecia melhores perspectivas do que a Europa para uma nova galeria.

Ele foi atraído pela falta de entraves burocráticas e pela relativa facilidade para abrir uma empresa naquela parte da Ásia.

Mas Hong Kong tem seus desafios. A concorrência é acirrada em muitos setores. Os salários, sem o acréscimo de benefícios cada vez mais raros para expatriados, não atendem às expectativas de muitos ocidentais. Os patrões preferem pessoas com experiência na Ásia e com habilidades linguísticas compatíveis, segundo Carss. E os aluguéis comerciais e residenciais são exorbitantes.

Os varejistas precisam se empenhar em cultivar gostos e hábitos de uma clientela que não necessariamente conhece seus produtos. Em Hong Kong, observou Malingue, "não existe tanto uma cultura de visitar galerias quanto na Europa e é preciso mais esforço para chamar a atenção das pessoas".

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