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Vídeos para proteger a polícia

POR QUENTIN HARDY

SAN FRANCISCO - O sargento Brandon Davis lembrava claramente do momento antes de ele matar Eric Wayne Berry. "Eu lhe disse para largar a arma duas vezes", disse o policial, que então trabalhava em Fort Smith, Arkansas. Mas depois de assistir várias vezes a um vídeo do fato, captado por uma minicâmera que estava usando, ele disse: "Foram nove vezes". Quando Berry levantou sua pistola calibre 45 contra o policial, disse o sargento Davis, ele atirou no peito de Berry.

O tiro foi aprovado por seus superiores porque todo o incidente foi captado em vídeo. O sargento Davis estava testando um novo tipo de câmera quando esse encontro fatal foi registrado, em novembro de 2009. Desde então, o hardware e o software do sistema foram bastante modificados pela Taser International, fabricante da câmera. A Taser é mais conhecida por fabricar armas paralisantes, que produzem um doloroso choque elétrico.

A nova câmera da Taser pesa cerca de 14 gramas e é mais ou menos do tamanho de um filtro de cigarro. Ela é presa ao colarinho ou aos óculos do policial e pode gravar duas horas de vídeo. A informação é transferida por uma estação de encaixe a uma máquina local e afinal armazenada em um sistema de computação em nuvem que usa o sistema de administração de evidências on-line da Taser.

A firma, baseada em Scottsdale, Arizona, foi alvo de certa controvérsia por causa de suas armas de choque elétrico, que Rick Smith, cofundador da empresa e seu principal executivo, diz que são usadas por 17 mil das 18 mil agências policiais dos EUA.

A segurança do equipamento foi questionada várias vezes. Mas o sistema da câmera, chamado Axon, pode dirimir as controvérsias. A Taser já tem cerca de 55 mil minicâmeras montadas em Tasers. Mas a câmera só é acionada quando a arma é puxada. Poderia fazer a mesma coisa para os tiros disparados pela polícia. O vídeo, entretanto, não captaria os fatos que levaram até aquele ponto, e não fornece o contexto capaz de justificar o uso da arma.

"A polícia gasta de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões por ano em indenizações por brutalidade", disse Smith. O sargento Davis diz que a viúva de Berry mais tarde alegou que seu marido estava segurando um celular, e não uma arma, mas o vídeo inocentou o policial.

O sistema Taser pode custar para um pequeno departamento alguns milhares de dólares por ano, ou algumas centenas de milhares para uma força maior. A firma está inicialmente oferecendo o primeiro ano de serviço grátis. As novas câmeras custam US$ 1 mil.

No sistema de evidências em nuvem da Taser, instalado no serviço de armazenamento da Amazon.com, os vídeos podem ser editados e gravados. O software tem capacidade de edição para proteger a identidade de pessoas, como vítimas de crimes sexuais ou policiais à paisana. Um oficial pode escolher quando ligar ou desligar a câmera, algo que Smith não acha que acontecerá com frequência porque os vídeos podem ajudar a inocentar policiais corretos.

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