Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Aparelho substitui o "levante a mão"

Nos últimos anos, estudantes têm levado clickers -aparelhos portáteis sem fios e com poucos botões- para os auditórios, onde os professores solicitam seu uso para anotar presença, em votações instantâneas e em testes de múltipla escolha.

E executivos às vezes distribuem os aparelhos em reuniões, para mostrar imediatamente o resultado de pesquisas em slides de Power Point.

Dois dos vários fabricantes de clickers já venderam em menos de uma década quase 9 milhões de unidades, ao custo individual de US$ 30 a US$ 40.

Os clickers podem ser encontrados em igrejas e em quartéis de bombeiros, em navios de cruzeiro e em clínicas, e novos usos estão sendo descobertos.

Fãs do aparelho dizem que ele é eficiente, respeita o ambiente e permite que o usuário imite os participantes de "game shows" da televisão.

Embora o hábito de erguer a mão numa votação possa nunca se extinguir completamente, o clicker pode dar voz a pessoas tímidas demais.

"Quem fala em classe não é necessariamente quem tem mais a dizer", afirmou Eric Johnson, diretor do Centro para as Ciências da Decisão, na Escola de Negócios de Columbia, em Nova York. "Mas, com um clicker, todos na sala têm contribuições e podem expressar sua opinião anonimamente."

Mas críticos dizem que os resultados são inerentemente superficiais, impedindo análises mais matizadas. E observam que esse pode se tornar mais um eletrônico obrigatório de ter e fácil de perder, como um Kindle ou um celular.

Brianna Goodwin, bombeira e instrutora de segurança no Corpo de Bombeiros de Colorado Springs, dá uma aula sobre prevenção de incêndios a alunos do ensino médio. Para melhor envolvê-los no jargão tecnológico -sua língua nativa-, foram adquiridos 120 unidades de um modelo da Macmillan. Ela os distribui aos alunos na hora da inscrição e isso os deixa entusiasmados, segundo Goodwin.

Goodwin "esquenta" os alunos com perguntas sobre cultura pop. Então avalia o conhecimento deles sobre as consequências de um incêndio criminoso: lesões, multas prisão. Ao final da sessão, repete as questões.

Como ela pode imediatamente mostrar a opção certa e quantificar as respostas, disse ela, os alunos "começam a vibrar se acertam a resposta".

Os gritos aparecem também entre um público mais velho, no navio de cruzeiro Crystal Symphony. Em janeiro, a Crystal Cruises começou a distribuir clickers para que os passageiros avaliassem participantes de um debate e votassem na brincadeira chamada Clube dos Mentirosos.

"Descobrir como todos estão pensando é divertido demais", disse Bret Bullock, vice-presidente de entretenimento da Crystal Cruises. "Você é parte do show."

Com um clicker, "de repente as vozes deles se tornam importantes", disse James Katz, diretor do Centro para Estudos das Comunicações Móveis na Universidade Rutgers, em Nova Jersey. "Se as pessoas sentem que suas opiniões realmente contam, elas vão ficar felizes e propensas a darem mais opiniões."

"Esta é uma nova forma de transparência para a psicologia das multidões", acrescentou.

Mas ele recomendou cautela no uso dos clickers, ou "sistemas de resposta da audiência". Numa sociedade em que checar a opinião da multidão se torna norma, disse Katz, os indivíduos podem deixar de assumir riscos ou confiar nos próprios instintos.

"Os que querem trilhar novas direções e desafiar os sentimentos de uma multidão, como artistas e escritores, têm um ônus adicional com esta tecnologia, porque eles podem saber que ninguém se conforta com a visão deles", disse Katz.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.