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Os limites de ser "local"

Enxames de abelhas sem-teto aterrorizaram os nova-iorquinos em restaurantes e calçadas na primavera. Alguns especialistas dizem que o inverno ameno criou as condições ideais para a reprodução desses animais. Já outros, afirmam que as abelhas estavam fugindo das colmeias mal administradas de criadores novatos que proliferaram em lajes, quintais e balcões desde que a cidade, há dois anos, suspendeu a proibição de criar abelhas melíferas.

O número de criadores urbanos cresceu recentemente em cidades como Paris e Londres, onde o número de membros da Associação Britânica de Criadores de Abelhas duplicou em três anos, chegando a 20 mil. Tudo em nome do mel local. Mas vale a pena apoiar o local apenas por ser local?

Em uma laje no bairro de Greenwich Village, em Nova York, há uma horta orgânica sobre o restaurante italiano Rosemary's. O chef usa ingredientes colhidos no telhado. Mas, em uma postagem no blog Eater sobre a recente inauguração de um restaurante, um comentarista disse: "Eu preferiria que minha equipe de cozinha preparasse comida, em vez de regar plantas". Outro escreveu: "Você quer comer coisas plantadas nesse ar? Não prefere algo cultivado no campo, um pouco mais longe das maciças emissões dos carros?"

Em alguns casos, a obsessão por produtos locais pode estar prejudicando os agricultores, que dizem que o número de mercados superou a demanda. Rick Wysk, um agricultor de Massachusetts há 13 anos, acredita que seu negócio foi prejudicado pelos novos mercados que atraem seus consumidores. O número de mercados nos EUA saltou de 4.093, em 2005, para 7.175, em 2011.

"Temos essa mentalidade de ter um Starbucks em cada esquina", disse ao "Times" Brigitte Moran, do Marin Markets, na Califórnia. "Então por que não podemos ter um mercado de agricultores? A diferença é que esses agricultores realmente precisam cultivar os produtos e levá-los ao mercado."

Alguns dos chefs mais aclamados do mundo dizem que apoiar a agricultura local é uma meta muito estreita. O chef americano Thomas Keller e Andoni Luis Aduriz, um dos líderes da cozinha de vanguarda da Espanha, dizem que o objetivo da alta culinária é uma fusão de prazer e arte, não uma maneira de fornecer subsistência para agricultores próximos de seus restaurantes.

"Alinhar-se totalmente à ideia de sustentabilidade torna os chefes limitados", disse Aduriz ao "Times". Keller acrescentou: "Penso na qualidade, não na geografia".

E talvez isso importe mais depois que um estudo calculou a biomassa da população adulta do mundo e disse que ela está 15 milhões de toneladas acima do peso. Qual a solução? Os franceses buscaram a sua em um campo distante. Alguns recorreram ao programa americano de emagrecimento de Jenny Craig, de porções individuais cozidas no microondas, "um produto que não é fácil de vender em uma cultura alimentar de alimentos frescos e refeições comunitárias", relatou a revista "The Times".

Para a dieta americana funcionar na França -onde o índice de obesidade aumentou para 14,5%, contra 8,5% cinco anos atrás- Jenny Craig oferece "boeuf bourguignon" e "velouté de tomates". Erick Moreau, do programa Jenny Craig europeu, disse: "Evitamos a ideia de que importamos soluções americanas".

ANITA PATIL

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