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Empresas de tecnologia superam fronteiras

POR ISABEL KERSHNER

RAMALLAH, Faixa de Gaza - Com 120 empregados, a ASAL Technologies é uma das maiores empresas no pequeno mas florescente setor de tecnologia palestino, que segundo muitos dos envolvidos está prestes a realizar grandes coisas.

"Estamos na posição certa para ter um crescimento exponencial", disse Murad Tahboub, 42, diretor da empresa.

Comparado com outros setores que a anêmica economia da Cisjordânia poderia tentar desenvolver, o de tecnologia da informação e comunicações tem uma vantagem: é muito menos afetado por obstáculos físicos, como barreiras, postos de controle e necessidade de autorizações que Israel impõe ao território em nome da segurança.

"Este é um setor que não tem fronteiras", observou Tahboub. "Você apenas precisa de eletricidade e de uma linha telefônica."

Nos quatro anos desde que a Cisco Systems fez um investimento estratégico inicial de cerca de US$ 10 milhões aqui, o setor teria crescido de menos de 1% da economia palestina para mais de 5% hoje.

Apesar de todo o entusiasmo, os tecnólogos de Ramallah ainda precisam enfrentar alguns desafios que confrontam a economia e a sociedade palestinas como um todo, principalmente a falta do tão desejado Estado palestino, e a imagem que o mundo tem do território como uma zona de conflito volátil onde as pessoas ainda usam camelos para se deslocar.

O modelo para o setor de tecnologia palestino é Israel. "Inovação, criatividade, estar à frente da curva é o objetivo", disse Tareq Maayah, 45, presidente da Exalt Technologies.

Como Israel, os palestinos querem um setor tecnológico resistente que possa ser uma zona livre de política. "A ocupação é frustrante", observou Maayah, "mas os israelenses e palestinos têm trabalhado em conjunto nos piores tempos".

Ele disse que a Exalt cuida de contratos de terceirização de companhias multinacionais que operam em Israel e também de algumas companhias locais.

"Hoje somos produtores e vendemos para Israel, em vez de sermos apenas consumidores", disse Maayah.

A lista da Associação de Empresas de TI palestina tem 125 membros, cerca de 75% deles baseados na Cisjordânia e o restante em Gaza. Os empresários dizem que a indústria ainda está na infância e um deles estima que a receita total de terceirização é de apenas US$ 6 milhões por ano. Mas eles dizem que pode ser uma opção para firmas baseadas em Israel por causa de sua proximidade, familiaridade cultural, o talento dos engenheiros palestinos e sua lealdade com suas empresas.

Yahya al-Salqan, presidente da Jaffa.Net, disse que o mercado regional oferece uma grande promessa. Ele observou que o setor de tecnologia palestino se situa de maneira única entre o chamado "Wadi do Silício" de Israel e o que ele considera uma enorme demanda emergente por serviços de tecnologia nos países árabes.

Salqan trabalhou no Vale do Silício na Califórnia, depois voltou para casa há cerca de 15 anos para fundar a Jaffa.Net.

A empresa está trabalhando em aplicativos bancários para celular e em breve abrirá mais um escritório no Qatar.

Realizar reuniões face a face com clientes e investidores de Israel nem sempre é fácil, apesar da curta distância.

Sam Husseini, que dirige a LionHeart, uma firma que opera um programa de treinamento com um sócio israelense para ensinar técnicas de marketing, disse que sua empresa teve reuniões na praia de Biankini, no mar Morto, não por causa do ambiente do balneário mas porque era acessível para pessoas dos dois lados do cordão de segurança israelense.

Zika Abzuk, gerente sênior da Cisco para assuntos corporativos em Israel, disse que ela e uma equipe de funcionários israelenses estavam presos de um lado de um ponto de controle militar fechado enquanto 16 empresários palestinos com quem deveriam se reunir estavam presos do outro lado.

Por fim, realizaram a reunião em território neutro: uma tenda de recepção em estilo beduíno em um posto de gasolina perto do ponto de controle.

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