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Afrobeat ganha espaço na cena internacional

Por LARRY ROHTER

Cinco anos já se passaram desde que a pioneira banda de afrobeat Antibalas lançou um CD. "Security" foi uma decepção comercial, mas, nesse intervalo, bandas como Vampire Weekend e Toubab Krewe fizeram sucesso com o som afrobeat. O gênero chegou até a Broadway no musical ganhador de um prêmio Tony "Fela!", sobre o criador do afrobeat.

É claro que o Antibalas, que vem do Brooklyn, em Nova York, teve uma participação nisso. Membros do grupo já tocaram em todas as apresentações de "Fela!". O musical é uma homenagem a Fela Kuti, o cantor nigeriano politizado que criou o som afrobeat na década de 1970, misturando ritmos iorubas com soul e jazz americanos. Em seu tempo livre, os músicos do Antibalas continuaram a divulgar o afrobeat em festivais e clubes de todo o mundo.

Uma década atrás, quando o Antibalas estava ficando conhecido como banda com som quente e dançável, as plateias muitas vezes não faziam ideia do que era o afrobeat, contou o trombonista Aaron Johnson, que entrou para o grupo em 2000. "Hoje, todas as cidades para as quais vamos nos Estados Unidos, Canadá ou Europa têm seu próprio grupo local de afrobeat -quando não têm dois, três ou até quatro", contou.

Assim, a dúvida que os integrantes da banda enfrentam agora é como aproveitar bem esse momento de alta. Eles lançaram um novo CD, intitulado simplesmente "Antibalas".

A banda literalmente retornou às suas origens, gravando no estúdio Daptone, conhecido como House of Soul e situado ao lado de uma fábrica de silenciadores de carro no Brooklyn. O Antibalas ajudou a erguer o estúdio dez anos atrás e, em 2004, foi ali que gravou o primeiro CD do estúdio, "Who is This America?".

E o produtor do novo CD é Gabriel Roth, que, numa versão anterior da banda, tocou guitarra sob o pseudônimo artístico de Bosco Mann e que foi engenheiro de som e mixador dos primeiros discos do grupo. Desde então, Roth virou um produtor e engenheiro de som muito procurado, conhecido principalmente por seu trabalho em discos que Amy Winehouse e Sharon Jones gravaram na Daptone e por sua insistência em gravar em equipamentos analógicos de oito faixas, para garantir um som mais autêntico.

Roth e o Antibalas seguem essa mesma abordagem orgânica na nova gravação, que foi feita em pouco tempo: cerca de duas semanas. Algumas das canções o Antibalas vem tocando há anos mas nunca antes chegou a gravar, outras foram compostas e gravadas na hora, em um caso em pouco mais de três horas.

"O negócio desta banda é que ninguém consegue tocar a música como ela, então não há o que discutir", disse Roth. "'Produtor' é uma palavra com a qual eu nem sempre me sinto à vontade. Em alguns projetos, eu digo a todo o mundo o que tocar e fico virando botões de amplificadores. Com outros discos eu simplesmente me afasto para que os músicos toquem. Neste disco, eu me afastei muito mais do que as pessoas previam."

"Dirty Money", a faixa que abre o novo disco, é uma faixa dance movida pela percussão e as trompas, como é frequentemente o caso no afrobeat, mas, seguindo a tradição de Fela Kuti de fazer comentários políticos intransigentes, a letra traz críticas à cobiça de Wall Street. Martín Perna, que fundou a banda em 1998, um ano após a morte de Fela Kuti, observa que ela pode até ser entendida como uma crítica ao escândalo recente em torno da manipulação dos juros Libor.

O Antibalas é um paradigma de diversidade. Seus 11 integrantes atuais incluem brancos, negros, latinos e asiáticos. O mais velho tem 54 anos e o mais jovem, 21.

O nome da banda vem de "chaleco antibalas", ou "colete à prova de balas", em espanhol. Martín Perna diz que "à prova de balas" também faz parte da filosofia do grupo.

"Gosto do duplo sentido", comentou. "Você tem a ideia de uma música muito resistente e duradoura, mas, ao mesmo tempo, a tradução literal pode ser entendida como uma contestação à ideia de construir impérios por meio da violência."

Para ele, a melhor descrição do estilo da banda é "fazer música militantemente pacifista".

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