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Um candidato sob medida para o coração dos conservadores

Candidato a vice é saudado pela direita como um intelectual

Por ANNIE LOWREY

WASHINGTON - Com o debate sobre o deficit fiscal dos Estados Unidos pegando fogo no ano passado, David Smick, um consultor do mercado financeiro, promoveu um jantar em sua casa em Washington para um grupo bipartidário de pensadores sobre o orçamento. Estavam à mesa membros da elite política conservadora da cidade, entre eles Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve (o banco central americano) e William Kristol, editor da revista conservadora "The Weekly Standard".

Mas nenhum deles chamou mais a atenção dos presentes que o deputado republicano pelo Wisconsin Paul D. Ryan, hoje o provável companheiro de chapa do candidato republicano Mitt Romney, que falou sobre o perigo da dívida nacional.

"Pensei: 'Esta é a única pessoa em Washington que está prestando atenção'", falou Niall Ferguson, comentarista e historiador econômico da Universidade Harvard, que passou parte do resto da noite, juntamente com William Kristol, tentando convencer Ryan a se candidatar à Presidência.

As influências intelectuais de Paul Ryan incluem ícones do pensamento conservador como o economista austríaco Friedrich von Hayek e a romancista e filósofa Ayn Rand. Mas, desde que chegou a Washington, no início dos anos 1990, Ryan tem estado estreitamente ligado a um mundo intelectual mais preocupado com impostos baixos, regulamentações mínimas e governo pequeno que com ruminações filosóficas sobre trabalho e liberdade.

E, desde que emergiu como o congressista republicano chave nas discussões sobre o orçamento, Ryan virou um favorito dos intelectuais, economistas, escritores e políticos conservadores de Washington, além de exercer uma influência poderosa sobre eles.

Stuart Butler, diretor do Centro de Inovação Política da Fundação Heritage, instituição de pesquisa, diz que Ryan é "o bom intelectual de 'think tank' que é também político". "Sempre que estou conversando com Ryan, falo com alguém que conhece o material tão bem quanto eu, se não melhor."

William Kristol comentou: "Ryan é um sujeito que, à diferença de 98% dos deputados do Congresso, é capaz de estar numa mesa de jantar com seis ou dez pessoas de 'think tanks' e revistas, e defender suas posições sem qualquer dificuldade".

Paul Ryan vem buscando formar laços com dois grupos de pensadores, em especial: estudiosos de políticas em grupos de pesquisa, como o American Enterprise Institute e comentaristas como Kristol. Ele vai para casa levando uma pilha de documentos do governo. Telefona a economistas quando tem perguntas a fazer sobre as ideias deles.

E ele defende suas ideias com vigor em discussões com a elite política da cidade, em almoços formais, reuniões no Capitólio, jantares privados e retiros.

Depois de se formar pela Universidade Miami, em Ohio, e trabalhar como assessor parlamentar, Ryan trabalhou para um grupo sem fins lucrativos, Empower America. Dois dos fundadores do grupo -William Bennett, ex-secretário da Educação e atual apresentador de talk show no rádio, e Jack Kemp, ex-secretário da Habitação e candidato republicano à vice-presidência em 1996, viraram mentores dele. Kemp morreu em 2009.

Paul Ryan contou à revista conservadora "National Review" que Kemp "ensinou que as grandes ideias são a melhor política. Elas sempre serão contestadas e às vezes serão controversas, mas você precisa fazer o que acha certo, aquilo em que você acredita realmente e defender suas posições com vigor. Se fizer isso, poderá exercer influência no debate."Mas a crença de Ryan no governo melhor em algumas instâncias já o situou à direita de seus mentores.

Bruce Bartlett, especialista orçamentário que trabalhou na equipe de Kemp e conhece Paul Ryan há duas décadas, disse que Kemp "não era contra os cortes orçamentários, mas com certeza não os via com entusiasmo. Ele simplesmente nunca achou que isso fosse importante. Considerava o crescimento importante. Ele nunca propôs cortes nos gastos para pagar por reduções nos impostos, nem nada desse tipo."

Em 2008, ele lançou a primeira versão de seu orçamento, o "Mapa do Caminho para o Futuro da América". O texto foi elogiado no mundo político da direita, que tinha se acostumado com políticos que diluíam suas ideias e tinha aceitado um orçamento inchado durante os anos Bush.

Yuval Levin, do Centro de Ética e Política Pública disse: "Ele (Ryan) está preocupado com muito mais que a aritmética do orçamento -está preocupado com o tipo de governo que vamos ter na América".

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