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O corpo é o treinador dos corredores

Por GRETCHEN REYNOLDS

É possível virar um corredor melhor e mais eficiente por conta própria, apenas correndo?

A pergunta é polêmica. Especialistas de um lado sugerem que os corredores precisam aprender uma forma de correr específica e idealizada.

Outros, porém, argumentam que o melhor jeito é aquele que lhe parecer mais correto.

Há poucos trabalhos científicos sobre o tema. Agora, um providencial novo estudo sugere que corredores novatos acabam encontrando uma forma melhor de correr com mais eficiência -basta continuar correndo.

Para o estudo, publicado na edição deste mês da revista "Medicine & Science in Sports & Exercise", os pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, avaliaram um grupo de adultas recém-inscritas num grupo de corrida.

Todas as participantes -mulheres saudáveis, na faixa dos 20 anos a 40 anos, com peso normal e novatas em corridas- planejaram realizar um programa de atividades de dez semanas.

Elas receberam sensores de movimento, frequencímetros cardíacos e outros equipamentos, e foram orientadas a correrem numa esteira enquanto eram filmadas.

Os cientistas calcularam a forma aeróbica de cada corredora, a biomecânica ("jeito") específica de cada uma ao correr e a economia da corrida.

A economia (ou eficiência) da corrida é definida pela quantidade de oxigênio gasto para correr num determinado ritmo - basicamente, a dificuldade de se correr numa dada velocidade.

Um corredor mais econômico precisa de menos energia que outros, e supostamente deveria conseguir correr mais rápido, ou até mais longe. As novatas no estudo inicialmente não eram econômicas.

Cada mulher treinava por conta própria, no seu ritmo. Após dez semanas, elas haviam se tornado corredoras melhores.

Sua velocidade e resistência aumentaram. E elas se tornaram notavelmente mais econômicas, com um aumento em torno de 8,5% na sua capacidade de usar o oxigênio.

Para os autores do estudo, está claro por que isso aconteceu. Sutilmente, as mulheres mudavam a forma como se movimentavam, num esforço inconsciente para facilitar a corrida.

Aliás, a maioria fez mudanças semelhantes no jeito de correr. Durante a parte da passada em que os dedos dos pés estão fora do chão, elas começaram a flexionar mais a perna que se erguia, de modo a poder devolvê-la mais rapidamente ao chão antes da passada seguinte.

As mudanças foram observadas por Isabel Moore, que comandou o estudo.

Quando começaram a correr, todas as mulheres ficavam meio oscilantes no pé traseiro. Após dez semanas, elas se mostravam mais estáveis ao atingirem o chão.

É claro que esse foi um estudo pequeno e de curto prazo com um tipo muito específico de corredor: mulher, adulta, novata e lenta. Não se sabe se as conclusões valem também para atletas jovens, experientes, homens ou velozes.

Também é impossível dizer se os estilos de corrida escolhidos pelas mulheres reduzem ou elevam o risco de lesão em longo prazo, segundo Moore.

Mas os resultados "geram uma interessante questão sobre ensinar as pessoas a correr", diz ela.

"Se os corredores puderem se otimizar a si mesmos, talvez devêssemos ensinar os corredores a entenderem como eles sentem o movimento", em vez de alterar completamente a forma da corrida para que ela se encaixe em uma ou outra maneira padronizada, disse ela.

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