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População de jovens transforma as Filipinas

Por FLOYD WHALEY

MANILA - No elegante bairro empresarial de Manila, uma multidão lota as ruas nos dias de semana. O restaurante Borough, com temática de Nova York, vibra ao ritmo de uma canção de Bon Jovi, enquanto jovens filipinos modernos tomam doses de tequila de uma bandeja que circula e cantam em coro: "Whoa-oh, we're halfway there! Whoa-oh, livin' on a prayer!"

Eles têm motivos para comemorar. Os tempos estão muito bons nas Filipinas para quem é jovem, capacitado e vive nas cidades. Os jovens trabalhadores urbanos estão ajudando a dar ao país suas perspectivas mais brilhantes em várias décadas, segundo os economistas.

Com US$ 70 bilhões em reservas e pagamentos de juros mais baixos sobre sua dívida depois de recentes valorizações de sua nota de crédito pelas agências de classificação, as Filipinas prometeram US$ 1 bilhão ao Fundo Monetário Internacional para ajudar a sustentar as economias combalidas da Europa.

"É o mesmo fundo de resgate que salvou nosso país quando as Filipinas tiveram profundos problemas econômicos no início dos anos 1980", disse o deputado Mel Senen Sarmiento, de Samar Ocidental.

As Filipinas certamente tiveram um fluxo constante de notícias econômicas positivas nos últimos tempos. Neste verão, a Standard & Poor's elevou a nota da dívida do país para pouco menos que o nível de investimento, a nota mais alta do país desde 2003 e equivalente à da Indonésia.

As Filipinas são a 44ª economia do mundo hoje, segundo estimativa do HSBC. Mas se as atuais tendências se mantiverem poderá saltar para o 16° lugar até 2050. O PIB nacional cresceu 6,4% no primeiro trimestre, segundo o banco central do país, superando todas as taxas de crescimento da região exceto a da China. Os economistas esperam um crescimento semelhante no segundo trimestre.

"Fizemos uma previsão muito ousada para as Filipinas, mas eu acho justificável", disse Frederic Neumann, um economista sênior do HSBC em Hong Kong.

O alto índice de crescimento populacional, há muito considerado um obstáculo para a prosperidade, hoje é visto como uma força propulsora do crescimento econômico. Cerca de 61% da população das Filipinas estão em idade ativa, entre 15 anos e 64 anos. Esse número deverá continuar aumentando, o que não é o caso para muitos de seus vizinhos asiáticos, cuja população envelhece.

"As Filipinas se destacam pela população mais jovem", disse Neumann. "Enquanto outros países veem seus custos trabalhistas aumentarem, as Filipinas continuarão competitivas devido à abundância de trabalhadores que entram na força de trabalho."

Muitos desses trabalhadores estão alimentando a robusta indústria terceirizada do país. As Filipinas, onde se fala inglês habitualmente, superaram a Índia no ano passado como maior fornecedor mundial de serviços terceirizados baseados em voz, como centros de atendimento a consumidores, os call centers.

O setor de serviços -incluindo os jovens funcionários de call centers que festejavam recentemente em Manila- está ajudando a conduzir o boom econômico nas cidades.

No bairro empresarial de Manila, onde centenas de funcionários de call centers saem dos edifício para fumar e conversar, Mika Santos, 18, não tem muito a dizer sobre a economia nacional. Mas está muito contente com sua situação pessoal.

Depois de concluir um curso de formação tecnológica de dois anos e passar em um exame de inglês, ela começou a atender ligações de clientes de uma empresa americana de celulares.

Se tivesse nascido uma geração antes, ela provavelmente teria trabalhado como agricultora de baixa renda ou partido para o exterior em busca de trabalho.

"Meus pais não tiveram uma oportunidade como esta", disse ela.

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