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Um empurrão para mulheres na diretoria

Por STEVEN M. DAVIDOFF

Existe uma notável falta de mulheres na direção das empresas em todo o mundo. A União Europeia está considerando um remédio que exigiria que 40% dos diretores de qualquer companhia fossem mulheres. Este poderá ser um marco para a igualdade de gêneros, mas a questão é: fará alguma diferença no modo como as companhias são dirigidas?

O número de diretoras continua teimosamente baixo. Segundo a Catalyst, uma organização sem fins lucrativos dedicada a promover as mulheres nas empresas, as companhias americanas têm a quarta maior média de diretoras do mundo. O conselho diretor médio de uma empresa da Fortune 500 nos Estados Unidos tem 16% de mulheres.

Entre outros países ocidentais, a Catalyst descobriu que o Reino Unido tem 15%, a Alemanha 11,2% e o Japão está perto do final, com menos de 1%. Os países nórdicos ocupam as três primeiras posições, sendo a Noruega o líder mundial. Os conselhos corporativos da Noruega têm em média 41,1% de mulheres.

Não é por acaso que a Noruega é o líder. O país aprovou uma lei em 2003 para garantir que 40% dos diretores de todas as empresas de capital aberto sejam mulheres. A proposta de lei da União Europeia provavelmente se baseia na norueguesa.

Os princípios por trás dessas leis são sociais e econômicos. O elemento social se baseia na ideia de que a falta de mulheres nas diretorias não se deve a questões de competência, mas à natureza machista dessas instituições. Como não têm ligações com os homens que já estão nas diretorias, as mulheres injustamente têm negada a oportunidade de servir.

Mas também há um argumento econômico feito para apoiar o papel das mulheres nas diretorias. A alegação é de que as diretorias com mulheres são melhores na tomada de decisões, aumentam os lucros das empresas e as lideram para se tornar mais humanas.

Talvez seja verdade que homens e mulheres são diferentes, mas isso ainda não quer dizer que quanto mais mulheres houver melhores serão os lucros da empresa. Em dois estudos do experimento norueguês até agora, nenhum sustentou o papel das mulheres nas diretorias. Um estudo descobriu que firmas norueguesas declinavam em valor, enquanto o outro encontrou uma redução na rentabilidade.

Alguns comentaristas explicaram as conclusões notando que a indicação em massa de mulheres norueguesas ao mesmo tempo levou a diretorias mais jovens e menos experientes.

A conclusão final é que o efeito das diretoras ainda não foi comprovado. O verdadeiro teste será quando houver diversas companhias com diretorias com 50% ou mais de mulheres, que possam ser comparadas com as demais. Ainda não chegamos lá.

A União Europeia está procurando cumprir esse objetivo. Segundo relatórios, o comissário de Justiça da UE está ávido para introduzir sua lei nos próximos meses. Mas a aprovação da lei não está certa. O Reino Unido já emitiu uma carta protestando contra a iniciativa e afirmando que se deve dar mais tempo às medidas voluntárias.

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