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Aumentam vendas de fuzis russos aos EUA

Por ANDREW E. KRAMER

IZHEVSK, Rússia - O apelido desta cidade onde são fabricados os fuzis Kalashnikov é "o arsenal da Rússia", embora os tornos e prensas da Fábrica de Máquinas Ijevsk tenham trabalhado durante anos em tempo integral para fornecer rifles AK-47 e outras armas para insurgentes e Exércitos do mundo inteiro.

Ultimamente, porém, um destino específico se destaca: os Estados Unidos.

Apesar da violenta história dessa arma -ou talvez por causa dela-, caçadores e entusiastas de armas nos EUA estão adquirindo dezenas de milhares de rifles e espingardas Kalashnikov.

A demanda é tanta que nos últimos dois anos a fábrica mudou seu foco da produção militar para a civil.

As vendas das versões civis para os EUA, sob a marca Saiga, cresceram 50% no último ano, segundo funcionários da fábrica, conhecida pela sigla Ijmach.

Os EUA são o maior mercado mundial para armas civis, o que se deve em parte às leis nacionais relativamente brandas para isso.

Os produtos russos responderam por uma ínfima parcela dos US$ 4,3 bilhões movimentados no ano passado pelo comércio de armas nos EUA, mas as vendas da Saiga cresceram acima do total do mercado, que teve uma expansão de 14% em 2011.

"Comprei uma Saiga porque foi fabricada na Rússia, bem ao lado dos seus irmãos maiores, as AKs", disse por telefone Josh Laura, instalador de portas de garagens e ex-marine radicado no Tennessee.

"Nenhum rifle no mundo tem sido tão confiável quanto esse", acrescentou ele.

Vender rifles para americanos e outros civis é fundamental para a sobrevivência da Ijmach, que fabrica os Kalashnikovs desde logo depois da sua invenção, em 1947, mas hoje atravessa dificuldades.

A demanda por novas armas militares da família Kalashnikov evaporou.

Ao longo das décadas, foram produzidas cerca de 100 milhões de unidades do AK-47 -um rifle simples, durável e relativamente barato. Isso dá cerca de um fuzil para cada 70 habitantes do planeta.

Os estoques estão abarrotados, AKs usadas inundam o mercado, e imitações chinesas ainda mais baratas estão roubando muitos dos clientes que ainda restam.

Os consumidores americanos compram hoje praticamente o mesmo número de armas tipo Kalashnikov que o Exército e a polícia da Rússia.

A mudança tem sido estimulada pelo Kremlin, que deseja reavivar diversas indústrias militares por meio do desenvolvimento da sua economia de escala e de incentivos para a fusão das linhas de produção industriais civil e militar.

As vendas de rifles civis nos EUA ajudam a financiar a adaptação da fábrica ao modelo AK-12, o que acaba barateando o produto para o Kremlin.

Owen Martin, dono da oficina de armas Snake Hound Machine, em New Hampshire, especializada em rifles Kalashnikov, disse que as encomendas militares russas, por sua vez, ajudam a manter baixo o preço das AKs que ele e outros compram nos EUA.

"Isso significa que nossas armas ficam mais baratas", afirmou ele.

"Ninguém vê isso [compras de armas russas] como antipatriótico."

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