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Os DJs filhos de famosos

Por JOSHUA DAVID STEIN

No início de setembro, na véspera da Semana de Moda de Nova York, a Target promoveu uma festa cheia de brilho em que centenas de convidados, incluindo celebridades, conheceram a colaboração mais recente entre a rede varejista e grifes indies como Odin e PatchNYC.

Uma presença simpática foi a de Alexandra Richards, 26, filha do guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards. Ela operou dois toca-discos e um laptop, tocando clássicos da geração de seu pai (Led Zeppelin, The Spinners, The Clovers) e outros de sua própria geração (Azealia Banks, M83, The Black Keys). "Gosto de tocar os clássicos que todo o mundo reconhece, mas misturá-los um pouco com faixas mais obscuras", contou ela.

Alexandra Richards é uma dos muitos filhos de celebridades que optaram pela profissão de DJ. Para quem é DJ em festas, os horários de trabalho são tranquilos, não é preciso muito estudo anterior, os cachês podem ser muito bons, e um sobrenome conhecido é a garantia de ter trabalho. Além disso, permite a esses jovens DJs sair em busca de sua própria fama.

Um olhar sobre convites para festas em Nova York, Los Angeles, Miami e Las Vegas revela uma lista crescente de DJs com pais que são famosos: Connor Cruise, 17, filho de Tom Cruise e Nicole Kidman; DJ Demetrius Mosley, 20, filho do produtor de discos Timbaland, e Pierre Sarkozy, 27, filho do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.

"Muitas pessoas acham que ser DJ é um trabalho fácil e muitas pessoas acham os DJs bacanas", disse Rob Principe, fundador da escola de DJs Scratch DJ Academy, que está presente em Los Angeles, Nova York e Miami. "Então é fácil entender a atração dessa profissão para quem não precisa se preocupar com dinheiro, como é o caso dessa rapaziada."

Connor Cruise, que usa o nome artístico de DJ C-Squared, apresentou-se em julho na loja American Eagle Outfitters, em Nova York, e na inauguração do restaurante Katsuya, em San Diego. Segundo o "New York Post", seu cachê para um show de duas horas é US$ 10 mil.

É evidente que Cruise quer ser levado a sério como DJ. Ele contratou William Derella, o empresário que converteu os Black Eyed Peas num sucesso e iniciou uma turnê europeia com apresentações em clubes de Londres, Zurique e Dusseldorf.

Uma das vantagens de contratar um DJ adolescente com sobrenome famoso é que seus pais às vezes comparecem aos shows. Numa apresentação de Cruise, o DJ, em Londres em agosto, seu pai apareceu para vê-lo, garantindo cobertura intensa dos tablóides.

Pierre Sarkozy evitou chamar atenção enquanto seu pai era presidente. Ele só fez sua estreia francesa na boate parisiense Queen em junho passado, quando seu pai já não estava no Palácio do Eliseu. Desde então, Sarkozy, filho, já se apresentou em Portugal, na Polônia, na Áustria e emNancy, na França.

Também Alexandra Richards disse que começou ganhando experiência em bares pequenos e "bar mitzvahs". "É muito fácil para as pessoas me julgarem", comentou. "Mas elas não levam em conta o trabalho, tempo e suor que eu investi para ser DJ."

Murais on-line ironizam a falta de habilidade técnica dos DJs-celebridades, com mensagens como "DJ com iPod por US$ 10 mil o show".

Mas essas críticas deixam de levar em conta a razão de serem contratados DJs filhos de celebridades. Não é para fazer a multidão dançar, mas para conseguir cobertura de mídia, posts no Facebook, mensagens no Twitter e fotos no Instagram.

Após a apresentação de Alexandra Richards na festa da Target, às 21h, ela fechou o laptop e foi embora. Na manhã seguinte ia pegar um avião para ser DJ na inauguração do hotel Ritz-Carlton de Viena. A mídia já tinha sido avisada sobre sua presença.

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