Índice geral New York Times
New York Times
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Filhos documentam sucesso dos pais

Por TOM ROSTON

Compreender os próprios pais pode ser tão difícil quanto desvendar o Cosmos. Fazer isso através das lentes de uma câmera para um documentário, como fizeram vários filhos de pais famosos, pode facilitar esse desafio.

"O que a câmera fez por mim foi aumentar minha coragem", disse Celia Maysles, que fez o filme "Wild Blue Yonder" sobre seu pai, David Maysles, o documentarista americano pioneiro. "Foi uma desculpa para investigar um pouco mais a fundo do que eu faria normalmente."

Em 5 de outubro, Gotham Chopra, filho do astro da autoajuda Deepak Chopra, lançou "Decoding Deepak" [decodificando Deepak]. A revista "Variety" disse que o filme "não é uma hagiografia nem um trabalho de açougueiro", pois critica Deepak Chopra por ele se importar com assuntos como o sucesso de seus livros (foram publicados 66). "Buda foi um narcisista, não foi?", disse Gotham Chopra. "Tudo tinha a ver com a reconciliação com os demônios internos. O narcisismo é a grande contradição de meu pai e o grande paradoxo da espiritualidade, da qual ele é um ícone."

No documentário, Gotham Chopra, 37, acompanha seu pai ao redor do mundo, desde palestras até sua ordenação como monge budista na Tailândia, enquanto eles têm profundas conversas sobre a consciência e bate-papos brincalhões sobre a devoção do pai a seu BlackBerry.

"A maneira mais fácil de escapar foi dizer 'sim'", disse Deepak, 65, sobre o filme, sentado em seu pequeno escritório em Deepak HomeBase, um estúdio em Nova York. "Também foi uma desculpa para passar mais tempo com ele", acrescentou, olhando para o filho. Em "Decoding Deepak", Gotham Chopra, que é jornalista, escritor e empreendedor em novas mídias, acompanha a ascensão de seu pai, um imigrante indiano que se tornou um bem-sucedido médico em Boston e depois apóstolo do movimento de meditação transcendental e espiritualista pop best-seller, graças a sua apresentação à corrente dominante pela apresentadora Oprah Winfrey em 1993.

A viagem de ordenação coloca uma questão central do filme: como Deepak Chopra pode ser destacado em um sentido espiritual, e, no entanto, levar uma vida confortável com a necessidade de constante atenção? E seu filho admitiu que se podem fazer perguntas semelhantes sobre ele.

"Definitivamente existe narcisismo em fazer um filme como esse", disse. "Ainda estou tentando elucidar essas coisas."

Os dois trabalham em um fluxo constante de projetos. Deepak tem três livros em edição, e seu filho está expandido sua empresa de livros de quadrinhos e produzindo um canal no YouTube.

"Sou inquieto", disse Gotham. "Como ele, na verdade."

Seu pai disse: "Ora, eu acabo de sair de uma semana de silêncio em que contemplei minha própria morte" (ele se referia a um retiro de meditação que havia feito). "Não sou inquieto."

"Você é inquieto para se comunicar", retrucou Gotham.

"Talvez", seu pai disse suavemente. "Esta noite, essa conversa não vai passar de um sonho."

É o tipo de declaração que deve ter frustrado um filho que tenta fazer um documentário.

"Ele se destaca, e digo isso como um elogio", disse Gotham. "Eu percebi que ele tinha de ser um personagem que forma um arco, em virtude de quem ele é."

No documentário, Chopra completa esse arco enfocando a si mesmo e sua grande paixão: seu filho de 5 anos, Krishu.

"Ter um filho provocou uma nova sensação de autossegurança", disse. "Veja, não pretendo provar que sou Deepak 2.0."

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.