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Motociclistas idosos adotam as "trikes"

Por JESSE McKINLEY

MOUNT AIRY, Carolina do Norte - Em seus quase 50 anos como entusiástico motociclista, Grady Howard rasgou as estradas rurais da Carolina do Norte e cruzou as montanhas do Kentucky, sempre com sua mulher, Barbara, agarrada atrás dele. No entanto, com sua perna esquerda emperrada, ele sabia que a única maneira de continuar "selvagem" era acrescentar uma roda ao veículo. "Eu disse à minha mulher que era ou mais uma roda ou o estacionamento", disse Howard, 74. "Ela escolheu a roda."

Howard pertence a uma legião de motociclistas idosos -com dores nas juntas e reflexos mais lentos- que abandonaram suas motocicletas tradicionais de duas rodas pelos triciclos, as máquinas superestáveis conhecidas nos EUA como "trikes".

Os triciclos ganharam popularidade nos últimos anos, saindo do nicho "faça você mesmo" para um mercado potencialmente lucrativo para os grandes fabricantes.

Especialistas da indústria dizem que a venda de dezenas de milhares de "trikes", cujos preços podem rivalizar com o de um automóvel sedan médio, ajudou a reanimar uma indústria em declínio e manteve uma geração de motociclistas. Uma nova Harley-Davidson de três rodas custa a partir de US$ 31 mil.

"A geração 'baby boom' está envelhecendo, cara", diz Steve Stirewalt, 63, um antigo motociclista e revendedor de motos. "As pessoas que usaram motos a vida inteira não querem parar só por causa de problemas nos joelhos, nos olhos, diabetes ou outra coisa."

Alex Ross, executivo-chefe da Brothers of the Third Wheel [irmãos da terceira roda], disse que os triciclos oferecem muitas vantagens, incluindo o conforto de assentos macios que permitem que os pilotos percorram longas distâncias sem ficar "travados".

"Minha mulher dorme assim que começamos a viagem", disse.

Os triciclos estão atraindo outro mercado: as mulheres, incluindo as que talvez não se sentissem à vontade pilotando uma grande moto que pode pesar mais de 450 quilos e aquelas que estavam cansadas de ser relegadas ao papel de passageiras. "Não gosto de viajar atrás dele, já que eu dirijo muito bem", disse Melinda Metheney, 52, indicando seu marido, Paul.

Parte da atração é a estabilidade dos triciclos, que não exigem que os pilotos se inclinem nas curvas ou mantenham as motos de pé nos semáforos, coisas que podem prejudicar joelhos e músculos fracos.

"As pessoas às vezes caçoam de mim, dizendo que estou velho", disse David Jenkins, 56, de Dobson, Carolina do Norte, que comprou sua primeira "trike" há dois meses. "Eu sempre digo que quando elas crescerem deverão comprar uma moto de verdade, com três rodas."

Howard, por sua vez, disse que adorou o passeio. Sua mulher também gostou, embora parecesse saudosa dos velhos tempos das duas rodas. "Você se sente mais segura", disse Barbara Howard, 73, uma professora aposentada.

Oficial aposentado do serviço de veteranos, Grady Howard disse que já percorreu mais de 56 mil quilômetros em sua "trike". Ele pretende viajar muito mais. "Enquanto eu conseguir passar a perna por cima dela, continuarei rodando", disse Howard.

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