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Investidores querem uma fatia da Nigéria

Fundo soberano de petrodólares atrai investidores

Por AZAM AHMED
Com o intuito de manter e aumentar sua renda do petróleo, a Nigéria criou recentemente um fundo de riqueza soberana.Agora, titãs de Wall Street como Goldman
Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan Chase anseiam por uma parte de um portfólio que pode chegar a valer bilhões de dólares.
"O país está prestes a dar uma virada, e o que faremos nos próximos anos ditará o ritmo", disse Olusegun Aganga, ex-ministro da Fazenda e atual ministro de Comércio e Investimento do país.
Mais de meio século após a descoberta de petróleo no Delta do Níger, o país ainda subsiste de barril em barril. A pobreza é avassaladora e a corrupção pública disseminada.
E, embora a Nigéria seja o décimo maior produtor de petróleo do mundo, os cofres do governo estão praticamente vazios. Ao poupar e investir os petrodólares, a Nigéria espera acabar coma falta crônica de recursos.A nação, que tem 80%de sua renda proveniente do petróleo, criou o fundo de riqueza soberana para proteger sua economia contra os preços voláteis das commodities e, ao mesmo tempo, impor disciplina fiscal. Até o momento, o governo reservou US$ 1 bilhão para o fundo e, se os preços do petróleo continuarem altos, poderá injetar US$ 2,5 bilhões nele por ano.
"Um dos maiores problemas com nossa sociedade civil é o horizonte de tempo no qual estamos operando", comentou Ashby H. B. Monk, pesquisador da Universidade de Oxford, na Inglaterra. "A ideia de um fundo soberano é dar aos burocratas do governo uma oportunidade de estabelecer planos de ação de longo prazo."
Fundos desse tipo se tornaram poderosas forças de investimento. Durante a crise financeira, fundos de riqueza soberana forneceram um capital crucial a bancos e empresas em apuros.
Grandes bancos e administradoras de ativos vêm se empenhando em cultivar relações com governos no mundo inteiro e montaram equipes especializadas em fundos de riqueza soberana. Banqueiros, advogados e consultores têm ido à Nigéria oferecer seus serviços. O governo optou pelo JPMorgan Chase como consultor na estruturação do fundo. Outros países criticam a ganância desenfreada de Wall Street. A autoridade líbia no ramo de investimentos reclamou que perdeu milhões em investimentos, enquanto gestores financeiros exigiam remunerações descomunais.
Nos EUA, a Comissão de Valores Mobiliários está investigando se administradores financeiros americanos, a fim de capitalizar empresas com fundos soberanos, violaram leis antissuborno.
A Nigéria tem um histórico irregular na administração de seu dinheiro. Em 2004, o país começou a depositar superávits com petróleo em uma conta separada, a fim de formar uma poupança. A uma certa altura, dizem analistas, calculava-se que o portfólio já acumulava US$ 20 bilhões.
No entanto, autoridades estaduais e federais canalizavam o dinheiro para outros projetos. No ano passado, os ativos despencaram para menos de US$ 1 bilhão.
"Não há regras sobre os saques", disse Razia Khan, diretor de pesquisa sobre a África no Standard Chartered Bank.
Desta vez, a Nigéria está reservando ativos para outros fins. Em períodos de fragilidade, o governo terá uma conta de emergência. Os funcionários do governo, porém, só terão acesso ao dinheiro sob condições, como uma queda abrupta nos preços do petróleo.
O governo está recorrendo a uma junta independente para supervisionar o investimento.
A junta "definirá até que ponto isso é eficaz", esclareceu Fola Oyeyinka, um consultor do ministro da Fazenda nigeriano. "O veredicto dessa junta dirá não só aos nigerianos, mas ao mundo, o quanto somos sérios."

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