São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Escaladores fazem "bico" de conserto de turbinas

Por KATE GALBRAITH

MAHANOY TOWNSHIP, Pensilvânia - Suspensos por cordas do topo de uma turbina eólica gigante, dois homens descem lentamente por uma longa lâmina prateada. Então começam a trabalhar a 45 m acima do chão, e o zumbido de uma lixadeira enche o ar. Para Matt Touchette e Sequoia Haughey, era mais um dia de trabalho. "Que vento!", relatou Touchette de seu poleiro, pelo rádio.
Especialistas em corda como Touchette e Haughey há muito tempo preencheram uma série de empregos de nicho, como inspecionar grandes represas, limpar as esculturas no monte Rushmore e reparar plataformas de petróleo em alto mar.
Mas, com o surgimento das fazendas eólicas em todos os EUA, empresas de rapel rapidamente se expandiram para uma nova linha de trabalho -consertar as turbinas para que elas durem mais tempo.
É um emprego de sonho para quem gosta de escalar rochas. A Rope Partner, empresa de Santa Cruz, Califórnia, que emprega Touchette e Haughey, foi fundada em 2001 por um montanhista aficionado, Chris Bley, depois que ele aprendeu sobre as cordas, por assim dizer, com dois alemães que conheceu enquanto escalava penhascos de granito no Parque Nacional Joshua Tree (EUA), na década de 1990.
Os alemães faziam parte de uma equipe de trabalho com corda que ajudou a embrulhar o Reichstag, o Parlamento alemão, em tecido como uma instalação de arte. Os empregos hoje em dia envolvem inspecionar turbinas, limpá-las e repará-las, o que se torna necessário se uma lâmina é atingida por um raio ou danificada pelo gelo. As lâminas são feitas de fibra de vidro, e os trabalhos de reparo podem envolver retirar a fibra antiga e colocar material novo, que então precisa ser lixado para ficar suave.
"Fiquei surpreso de pensar que poderia ganhar a vida trabalhando com rapel", disse Bley. Pelo menos um punhado de pequenas empresas de cordas hoje trabalha em turbinas. Algumas, como a East River Rigging, de Nova York, são novas e fazem trabalho de corda de todo tipo na região. Outras, como a Skala, de Nevada, são de velhos especialistas que passaram a trabalhar com turbinas de vento vários anos atrás. A Rope Partner se concentra somente em turbinas.
Igor Stomp, presidente do comitê de comunicações da Sociedade de Técnicos Profissionais de Acesso por Corda, estimou que o custo de um trabalho básico de um dia para dois escaladores pode começar em US$ 2.000 -e aumentar substancialmente para tarefas mais difíceis.
E os trabalhadores parecem não se cansar das cordas. Quando chove ou venta demais para trabalhar de forma segura na turbina da Pensilvânia, Touquette e Haughey vão escalar o que o primeiro descreve como um "pequeno penhasco sujo na floresta", a cerca de 25 minutos de distância.
Nos dias de bom tempo, o primeiro passo dos dois é garantir que a turbina esteja desligada. Então eles organizam cuidadosamente seu equipamento para o dia -misturam produtos químicos para criar um gel que reveste as lâminas, montam lanches e experimentam capacetes e cordas.
Depois de desaparecer na torre, os dois escaladores surgem como pequenos pontos no alto da turbina. Cada um deles está seguro ao topo por duas cordas. Eles se deixam escorregar lentamente para baixo na lâmina, que está apontada para o chão, e começam a trabalhar. Uma extensão elétrica laranja, com mais de 45 m de comprimento, os acompanha para movimentar a lixadeira.
Acidentes industriais acontecem -Haughey, por exemplo, certa vez prendeu a ponta do dedo em uma parte móvel de uma turbina, mas ele não estava em rapel na época. Os trabalhadores às vezes deixam cair pequenos objetos, como parafusos.
No dia em que eles lixaram a lâmina da turbina na Pensilvânia, não deixaram cair nada, mas advertiram os visitantes na base para ficar do lado de que soprava o vento, por via das dúvidas.


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