São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Fãs de lâmpadas incandescentes contestam transição oficial


Fluorescentes são "horríveis" para ler, diz comerciante britânico


Por ELISABETH ROSENTHAL

TUNBRIDGE WELLS, Reino Unido - Na alameda chamada Camden Street, um cavalete na calçada avisa em tom apocalíptico: "Temos lâmpadas de 100 watts (até quando não sabemos)".
"Que venha uma autoridade do governo me dizer que não posso vendê-las", disse desafiadoramente Jonathan Wright, dono da Classic Lighting há 40 anos. "Vou encontrá-las onde quer que seja e vendê-las pelo preço que for. As pessoas estão comprando no atacado porque gostam delas."
Wright vendeu nos últimos meses 3.000 lâmpadas de 100 watts -a mais tradicionalmente usada nas luminárias britânicas-, mais de 30 vezes o volume habitual. As pessoas estão comprando dez de cada vez, o limite por cliente, apesar de seu preço estar quase 50% mais alto que no ano passado.
A loja de Wright é uma das linhas de frente da resistência aos polêmicos esforços globais para encerrar a era das lâmpadas incandescentes, que consomem muita energia, abolindo aos poucos sua venda para incentivar as pessoas a usar lâmpadas fluorescentes compactas, mais eficientes.
Em Tunbridge Wells, a adequação provocou protestos de pessoas pouco inclinadas à rebeldia. Afinal, esta é a cidade inglesa de classe média por excelência.
Jenny Gale, 60, experimentou lâmpadas fluorescentes compactas quando morava na Índia e não gostou. "Ainda se podem encontrar das antigas em algumas lojas, e estou estocando para o futuro", disse. "Não vou comprar das novas; me recuso. Odeio a luz." As vendas de lâmpadas incandescentes serão proibidas na União Europeia até 2012, mas o Reino Unido se mexeu especialmente depressa: o governo pediu que os comerciantes parem de vender as lâmpadas de 75 e 100 watts até 1? de janeiro próximo.
A maioria acatou, incluindo as grandes redes de lojas, transformando a lâmpada em mercadoria preciosa.
A iluminação representa cerca de 20% do uso global de eletricidade, ou cerca de 7% das emissões globais. As lâmpadas incandescentes, que dissipam a maior parte de sua energia como calor inútil, usam de 5 a 20 vezes mais energia que os novos modelos. Mas os britânicos estão testando a verdadeira disposição das pessoas a adaptar seus antigos hábitos ao objetivo de "esverdear" o planeta.
O comerciante Wright disse que as fluorescentes compactas são boas para algumas luminárias que produzem iluminação difusa e que as pessoas devem ser educadas para usá-las. Mas sua luz é "horrível" para muitas outras luminárias e abajures, disse. Seus clientes têm uma lista de queixas: a luz é fraca demais, especialmente para ler ou se maquiar, dizem; as lâmpadas levam muito tempo para atingir a claridade total, não podem ser reguladas com "dimmers"; contêm mercúrio e portanto exigem descarte especial.
Por enquanto, Helen Nayak, 29, e seu marido estão usando lâmpadas fluorescentes compactas só nos corredores. Estão economizando as lâmpadas "comuns" para "os lugars onde realmente queremos enxergar as coisas", disse.


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