São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Óculos oferecem visão aumentada de mundo

Por ANNE EISENBERG

Pequenos fones de ouvido podem levar áudio diretamente de um tocador portátil para o ouvido. Mas você já imaginou que óculos ou lentes de contato pudessem enviar imagens digitais diretamente de um smartfone para a retina?
Várias empresas estão desenvolvendo protótipos de artefatos digitais que têm a aparência de óculos estilosos, mas que poderão um dia proporcionar possibilidades como essas ao consumidor. Os óculos são chamados de displays de cabeça para cima, porque o usuário sempre poderá olhar através deles e ver o mundo real -por exemplo, a calçada à sua frente-, mas também, numa imagem sobreposta, poderá enxergar informações virtuais, como por exemplo um mapa eletrônico ou uma seta indicando o caminho correto para chegar a um destino.
Os óculos também poderão ajudar o usuário a lembrar o nome de um amigo que não encontrava havia muito tempo e com quem topa na rua.
A SBG Labs, de Sunnyvale, Califórnia, é uma das empresas de tecnologia ótica que estão desenvolvendo essa novidade. Os óculos são apenas um pouco maiores do que muitos dos óculos de sol comuns hoje, do modelo que cobre os olhos completamente e vai até os lados da cabeça. Eles incluem um projetor minúsculo e elementos óticos embutidos na lateral da armação.
Artefatos como esses agradarão aos consumidores desde que sejam bonitos e leves, disse Henry Fuchs, professor de ciência da computação da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
Fuchs é pioneiro na criação dos precursores desses óculos: sistemas de display grandes usados na cabeça, por exemplo, por soldados, para ver mapas refletidos no visor de um capacete. Mas esse tipo de display geralmente é bastante pesado. O ideal, diz Fuchs, seria criar algo "que as pessoas se disponham a usar por mais de uma hora. Alguma coisa que seria embutida nos óculos normais e que não seja muito maior que um deles".
Ainda não foi definido um preço para os óculos da SBG, que estão na fase de protótipo. A SBG está se concentrando em aplicações militares e de aviônica; as aplicações para consumidores virão em seguida.
A tecnologia emprega um processo chamado ótica holográfica. Diodos de laser emissores de luz no projetor, embutido na lateral da armação, enviam seus raios altamente concentrados para a superfície do óculo. Ali, computadorizados, aparatos transparentes chamados grades holográficas difratam a luz de maneiras que componentes óticos comuns, como prismas, não conseguem, dirigindo-a para os olhos do usuário.
Também estão sendo desenvolvidas lentes de contato para displays móveis. Uma equipe da Universidade de Washington, em Seattle, criou uma lente de contato biocompatível que possui elementos eletrônicos e optoeletrônicos miniaturizados integrados à lente.
Um grupo liderado por Desney S. Tan, pesquisador da Microsoft Research, está trabalhando com a universidade. "Nosso papel é apresentar algumas das aplicações da tecnologia", disse Tan, aplicações essas que fazem parte de um campo de pesquisas que ele descreve como realidade aumentada: a combinação dos mundos digital e físico, na qual informações virtuais são somadas à visão que o usuário tem do mundo real.
Em uma aplicação possível, as lentes de contato poderiam ser usadas em conferências e coquetéis. "E se, a cada vez que eu passasse por uma pessoa, o nome dela aparecesse no display?", perguntou Tan. "Poderíamos até acrescentar informações sobre a última vez em que vi cada pessoa e sobre o que conversamos."


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