São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2011

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Casa half-pipe é o sonho dos skatistas

Por STEVEN KURUTZ
No ano passado, o arquiteto Francois Perrin, de Los Angeles, foi abordado com uma proposta intrigante. Pierre-André Senizergues, ex-skatista profissional e dono de uma marca de roupas esportivas, queria uma casa onde cada superfície servisse para andar de skate.
Para Perrin, que cresceu andando de skate em Paris nos anos 1970, a ideia de projetar uma espécie de "half-pipe habitável" foi irresistível. "Eu já trabalhei em parques de skate, mas essa casa foi a primeira vez que eu pude juntar as duas paixões", contou.
Senizergues e Gil Le Bon Delapointe, skatista e designer na empresa de Senizergues, trabalharam no conceito inicial e levaram a ideia a Perrin. Tudo no projeto final serve como pista de skate, até a bancada da cozinha (o acabamento metálico permite fazer "grind", ou seja, deslizar sobre os eixos numa superfície afiada). Vista de lado, a moradia parece um oval longo e de teto baixo tempo, com a sala de estar numa ponta, quarto e banheiro no centro, e uma área dedicada ao skate na outra extremidade.
Um protótipo em tamanho real ficará montado até 7 de agosto na Public Domaine, uma exposição sobre a cultura do skate na La Gaîté Lyrique, em Paris. Uma versão com espaço para dez skatistas será construída em Malibu, na Califórnia.
Perrin falou recentemente a um repórter.

P. As paredes da casa são curvas como uma rampa de skate. As rampas de skate inspiram o design?
R. Geralmente, as rampas de skate são só half-pipes. Se você mantivesse o raio de uma rampa clássica, seria uma estrutura muito grande para uma casa. O raio que usamos era mais estreito do que num pipe clássico. As pessoas não estão acostumadas a andar de skate com nada em cima delas. Isso quase cria uma nova forma de skate.

P. Qual foi seu maior desafio?
R. Não estamos colocando móveis em uma rampa de skate e não estamos trazendo elementos do skate para dentro de uma casa. Desde o princípio, é algo concebido como essa estrutura híbrida. O desafio foi encontrar o equilíbrio entre ambos: ser tecnicamente usável para o skate, mas também ser habitável.

P. Como evitar que as paredes fiquem arranhadas?
R. Normalmente, você não enverniza uma rampa de skate. Neste caso, fizemos isso por ser uma casa. Então, encontramos um verniz para proteger a madeira, mas sem ser escorregadio demais. As paredes são algo que você pode jatear com areia e reenvernizar. Mas também é parte do projeto ter o traço do skatista e do movimento.

P. A casa pode ter coisas convencionais, como obras de arte nas paredes e interruptores expostos?
R. Se você está falando de uma pintura plana, poderia colocá-la na casa. Os interruptores de luz poderiam ser rebaixados. É preciso criar algo funcional para uma casa e para o skate.

P. Você acha que os skatistas têm uma apreciação inerente pelo espaço e pela arquitetura?
R. O skate tem uma forte relação com a arquitetura. Ele se adapta ao espaço público e ao mobiliário exterior. Um skatista, quando sai pela cidade atrás da superfície e do espaço certos, vê a arquitetura com um olhar diferente. Portanto, essa ideia das pessoas andando de skate em uma casa tem sido o sonho de muitas gerações de skatistas.


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