São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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NEGÓCIOS VERDES

Energia solar está sob controle dos chineses

Por TODD WOODY
FREMONT, Califórnia - O Vale do Silício sonhou em reinventar a tecnologia de transformação da energia solar usada para fazer painéis solares, através do corte radical dos custos de produção.
Mas, conforme as companhias fundadas por veteranos da alta tecnologia finalmente iniciaram a produção em larga escala, eles estão descobrindo que essa indústria já passou por transformação. Industriais chineses, fortemente subsidiados pelo seu próprio governo e apoiados em uma economia de alta escala, têm contribuído para a queda do preço dos painéis solares convencionais e controlado uma generosa fatia do mercado mais rápido do que o previsto.
Os construtores de painéis solares chineses agora produzem para 40% do mercado californiano, o maior dos Estados Unidos nesse tipo de energia, e para a maior parte do mercado europeu, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance, uma empresa de pesquisa.
"Nós crescemos todos os anos", disse Fang Peng, executivo-chefe da JA Solar, em Xangai. "No fim do ano, vamos ter 1.8 gigawatts de capacidade e cresceremos de 4.000 empregados no começo deste ano para mais de 11 mil.
Em comparação, a Silicon Valley´s Solyndra espera ter uma capacidade de produção total de 300 megawatts no final de 2011.
"O mercado solar mudou muito, o suficiente para fazer você chorar", disse Joseph Laia, executivo-chefe da MiaSolé.
Os desafios vêm apesar do extenso apoio público e privado. Solyndra, uma das maiores empresas do setor, obteve mais de US$ 1 bilhão de investidores. O governo federal forneceu um empréstimo de US$ 535 milhões para a nova fábrica de painéis solares da empresa. Mas, enquanto tal estrutura da Solyndra está em construção, a competição dos chineses ajudou a derrubar o preço dos módulos solares em 40%. Solyndra aumentou seus esforços de marketing para vender a imagem de que seus painéis, apesar de mais caros, têm custo-benefício maior, já que considera as taxas de instalação no preço.
"Isso coloca mais pressão para derrubar os custos de produção", disse Bem Bierman, vice-presidente de operação e engenharia da Solyndra.
O crescimento rápido dos chineses está fazendo com que investidores tenham receio de começar novos negócios na área.
No terceiro trimestre de 2010, o investimento em companhias solares despencou para US$ 144 milhões, bem distante dos US$ 451 milhões do mesmo trimestre do ano anterior, de acordo com o Grupo Cleantech, uma empresa de pesquisas de San Francisco.
Companhias que fazem células fotoelétricas usando elementos como cobre, índio, gálio e seleneto, ou CIGS, estão sendo particularmente prejudicadas.
Ao contrário das células solares convencionais, feitas de silício, células CIGS podem ser depositadas em vidro ou materiais flexíveis. A promessa das novas células solares era que podiam ser mais baratas. Mas produzir células CIGS em larga escala é um desafio.
Enquanto companhias trabalham nesse problema, preços do silício caem, e as companhias chinesas rapidamente expandem a produção de painéis solares convencionais.
Arnos Harris, executivo-chefe da Energy Recurrent, empresa que desenvolve energia solar em San Francisco, disse que assinou um acordo de fornecimento com a Yingli Green Energy, que recebe subsídios do governo chinês, porque a companhia oferece preços baixos, produtos de qualidade e possibilidade de financiamento.
A competição chinesa fez com que algumas companhias do Vale do Silício perseguissem novas estratégias para sobreviver.
A Innovalight desenvolveu uma nova ideia, algo que chama de "tinta de silício", que aumenta a eficiência da célula solar. Os executivos da Innovalight decidiram que, em vez de competir com os chineses, poderiam negociar a patente com eles e evitar o investimento de centenas de milhões de dólares para construir fábricas.
"Como você luta contra subsídios enormes, juros baixos em empréstimos, mão de obra barata e um governo que objetiva tornar você o primeiro colocado em tecnologia solar?", disse Conrad Burke, chefe da Innovalight, se referindo, é claro, ao governo chinês. Até mesmo Lyndon Rive, executivo-chefe da SolarCity, outra empresa do Vale do Silício, confirmou que sua companhia vai instalar um número considerável de painéis solares para a gigante do varejo Wal-Mart -quase todos eles feitos na China.


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