Por SHERYL GAY STOLBERG

WASHINGTON - Depois de oito anos de sentimentos geralmente gélidos em relação ao presidente George W. Bush, a indústria do entretenimento está mais uma vez abraçando a capital do país. Mas a Casa Branca de Obama toma cuidado para não dar a impressão de que retribui os carinhos.
Nos seis meses desde que assumiu o cargo, Barack Obama discretamente recebeu astros de cinema e outras celebridades. Eles incluem os atores Pierce Brosnan, Reese Witherspoon, Ben Stiller, Brad Pitt, George Clooney e Leonardo DiCaprio e o cantor Jon Bon Jovi, entre outros. Alguns aparecem apenas para visitar. Outros trazem uma agenda.
Brosnan se reuniu com autoridades do governo Obama em maio para falar sobre o salvamento das baleias. Clooney falou sobre a crise em Darfur. Bon Jovi, que é atuante na United We Serve (Unidos Servimos), a iniciativa de Obama para promover o voluntarismo, almoçou na Casa Branca com David Axelrod, o principal assessor do presidente; Obama apareceu para cumprimentá-lo.
As reuniões aconteceram silenciosamente por bons motivos: em um momento em que os americanos comuns lutam com uma economia ruim e o presidente enfrenta a questão da saúde e as ambições nucleares do Irã, Obama não pode ser visto confraternizando com figuras de Hollywood.
"Hollywood não é o capital político, especialmente no centro do país, que as pessoas poderiam pensar que é", disse John Feehery, estrategista republicano e ex-vice-presidente-executivo da Associação Cinematográfica da América, a organização setorial da indústria. "Se você a usar corretamente, Hollywood pode ser muito útil para levantar fundos. Mas também pode ser uma desvantagem."
Bush parecia indiferente às celebridades. Como disse Leon Wieseltier, editor literário da "The New Republic", "para Bush, Hollywood foi a União Soviética, só que com melhor aparência". Obama, em comparação, claramente desfruta da proximidade com os astros. Com sua reserva fria e distante, ele não parece precisar deles, o que pode ser um dos motivos pelos quais o acham tão atraente.
Essa talvez tenha sido a dinâmica que levou Kalpen Modi -mais conhecido como Kal Penn para os fãs da série de TV "House" e do filme "Harold and Kumar"- a trocar sua lucrativa carreira de ator por um cargo médio na Casa Branca.
Em 2007, ele foi voluntário na campanha de Obama, indo de porta em porta e fazendo telefonemas; afinal entrou para o comitê de políticas artísticas do candidato. Hoje é diretor associado do Departamento de Envolvimento com o Público, cargo que exige que faça duas coisas: dirigir a atuação pública com foco nos jovens, o mundo das artes e os asiáticos-americanos; e manter a discrição.
Seus novos colegas parecem impressionados, embora um pouco surpresos. "Ele é provavelmente o único sujeito no Departamento de Envolvimento com o Público que tem um relações-públicas", disse Axelrod.


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