São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Negócios Verdes

STEVEN M. DAVIDOFF / ENSAIO

Um titã da web se debate

A diretoria do grupo Yahoo é fraca e incapaz de se impor. Essa fraqueza está prestes a deixar a empresa entregue aos lobos. Os diretores parecem não ter visão ou paciência. Isso deixou o conselho e o Yahoo sem direção, permitindo que fatores externos empurrassem esses diretores em direções inoportunas. Os problemas do conselho do Yahoo são endêmicos na América corporativa.
Os supostos erros da diretoria do Yahoo são bem conhecidos. Em 2008 ela rejeitou uma oferta da Microsoft para comprar a empresa por US$ 31 a ação. Muitos acham que a recusa foi conduzida pelo desapreço do Yahoo pela Microsoft. A diretoria do Yahoo então elegeu quatro executivos-chefes em quatro anos. O último foi Carol A. Bartz. Com a aprovação dos diretores, ela entrou em um importante negócio de pesquisa de conteúdo com o site de buscas Bing, da Microsoft. O acordo trouxe receita para o Yahoo, mas às custas de oportunidades de grande crescimento.
Enquanto Bartz e o conselho do Yahoo preparavam o negócio, a empresa fraquejou na corrida tecnológica com o Google. Os esforços de Bartz para cortar custos e enxugar o Yahoo não produziram qualquer produto capaz de virar o jogo com a rival ou reviver o crescimento do Yahoo.
Bartz e a diretoria do Yahoo também conduziram mal o relacionamento da empresa com um de seus ativos mais importantes. O Yahoo possui uma participação de 43% na Alibaba, a empresa de internet que mais cresce na China. O Yahoo foi pego desprevenido quando a Alibaba tentou transferir um de seus ativos mais valiosos, a Alipay, para uma nova companhia para colocá-la fora do alcance do Yahoo.
A Alibaba alegou que o Yahoo estava interferindo indevidamente em seus negócios. A disputa com a Alibaba foi remediada, mas o Yahoo se parece cada vez mais com a AOL, companhia com uma posição de mercado decrescente em busca de uma estratégia.
Bartz cortou custos mas não aumentou a receita; para ser justo, ela disse que seu plano de reversão não produziria aumento de receitas antes de 2012. Ao contrário da AOL, o Yahoo também parece manter uma posição de mercado sólida e lucros.
A diretoria do Yahoo agiu em setembro, demitindo Bartz.
Em uma entrevista à revista "Fortune", Bartz criticou a diretoria do Yahoo como "idiotas" por comprar sua estratégia de reversão para o Yahoo e depois demiti-la antes que produzisse frutos.
O conselho indicou um comitê executivo para supervisionar a empresa. O conselho afirmou que vai conduzir uma busca de executivos, mas também contratou a Allen & Company para discutir opções estratégicas. Isto é um código para "venda a companhia".
Mas o Yahoo é produto danificado, e se o conselho decidir vender a empresa poderá descobrir rapidamente que os interessados só querem comprar por um preço de pechincha. Sem uma estratégia viável ou um executivo-chefe, os diretores do Yahoo podem seguir o caminho mais fácil e vender por um preço baixo. A alternativa é fazer o trabalho duro de reverter o Yahoo.
De modo mais perigoso, firmas de capitais privados estão circundando o Yahoo com seus olhos na Alibaba e na participação de 35% na Yahoo Japan. Na busca por uma transação, o Yahoo poderia abandonar dois ativos preciosos, ficando com seu negócio mais difícil, o americano.
O fundo hedge ativista Third Point, dirigido por Daniel S. Loeb, enquanto isso, adquiriu 5,1% do Yahoo. Loeb também pressionou pela venda da Alibaba e da Yahoo Japan, afirmando que os acionistas do Yahoo poderiam receber até US$ 8 por ação do Yahoo.
O Yahoo tem cerca de US$ 3,6 bilhões de caixa em seu balanço. Subtraindo esses ativos, o negócio principal do Yahoo nos EUA é avaliado em US$ 3 a ação.
O Yahoo está negociando a cerca de US$ 13 a ação. Esse tipo de erro de precificação deixa Wall Street ávida por uma quebra.
A história triste do Yahoo não é apenas sobre por que as diretorias deixam de agir, é sobre as consequências deste tipo de decisão, nos médio e longo prazos. Ao deixar de implantar uma visão forte e um plano firme, a diretoria do Yahoo aumentou a desconfiança do mercado, sob a empresa.


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