São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Acampamento de verão treina habilidades manuais


Atraindo garotas para empregos na indústria


Por MOTOKO RICH

RIVER GROVE, Illinois - Esqueça os jogos aquáticos. No acampamento de verão deste ano, Nautika Kotero, 13, aprendeu a usar uma furadeira, a soldar fios elétricos e a criar um abajur.
Embora a adolescente sonhe em ser uma estrela do basquete, Nautika hoje tem um plano de reserva depois de um curso intensivo de uma semana: uma profissão na indústria.
Pouco mais de um quarto dos 11,7 milhões de trabalhadores industriais nos EUA são mulheres. Mas o acampamento Gadget, uma oficina para meninas neste subúrbio de Chicago, faz parte de um esforço para mudar isso.
Apesar de a economia americana estar oscilante e haver quase 14 milhões de pessoas à procura de trabalho, alguns empregadores têm dificuldade para encontrar trabalhadores capacitados.
Os fabricantes queixam-se de que poucos candidatos sabem operar computadoress, ler projetos e solucionar problemas de produção. E, com a geração baby boom começando a se aposentar, os empregadores temem que haja menos operários jovens para substituí-los.
O acampamento Gadget, patrocinado em parte por uma fundação ligada à Associação de Fabricantes e Manufatureiros, está expondo as meninas a uma ocupação que talvez elas não tivessem imaginado.
No último dia do acampamento, Nautika disse a seus pais que trabalhar em fábricas é "legal".
Desde que começou a frágil recuperação, a manufatura é um dos poucos setores que aumentaram o número de empregos. Mas a imagem da indústria fabril como o emprego do futuro foi prejudicada pelo êxodo de empregos para outros países e o uso de máquinas que substituem operários.
"Há uma percepção de que não existem empregos na indústria", disse Susan Palisano, diretora de educação e treinamento no Centro de Tecnologia de Connecticut, uma entidade sem fins lucrativos que organiza programas de verão para estudantes. "Parece que todo mundo tinha um tio ou avô que foi demitido."
Em todos os EUA, empresas, grupos sem fins lucrativos, agências educacionais e museus estão tentando fazer a indústria fabril parecer divertida. Os acampamentos permitem que os estudantes operem máquinas básicas.
A fundação Nuts, Bolts & Thingamajigs, que ajudou a patrocinar o acampamento Gadget, dá bolsas de US$ 2.500 para 112 acampamentos com temas fabris desde 2004. "Não é fácil colocar as pessoas no campo profissional", disse Marcia Arndt, membro do conselho da fundação. "Acho que existe um mito de que a indústria é suja, mas na verdade também é altamente tecnológica."
E persistem as impressões de que a manufatura é um trabalho para homens. Mas um relatório do Departamento do Comércio dos EUA divulgado em agosto mostrou que as mulheres nesses setores ganham 33% a mais, em média, que as mulheres que trabalham fora dos campos científico e tecnológico.
Antigone Sharris, que teve a ideia do acampamento para meninas Gadget, tinha trabalhado em indústria antes de se tornar instrutora de eletrônica, solda e máquinas no Triton College, escola pública que forneceu parte das verbas para o acampamento.
Sharris convidou um coordenador de recursos humanos de uma indústria local para falar sobre salários -que começam em US$ 40 mil e chegam a seis dígitos.
"As meninas não seguem naturalmente para a engenharia", disse Sharris, instrutora que mistura dicas práticas sobre o uso de um serrote com explicações sobre frações, o conceito de alavancagem e as leis de Newton.
Em uma sala de aula sem janelas, 16 garotas de 11 a 15 anos construíram um distribuidor de doces e peças de bijuteria, usando madeira, metal e tubo de PVC. "Precisamos parar de dar livros para as crianças e começar a lhes dar ferramentas", disse Sharris


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