São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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LENTE

Trabalhando fora da caixa

Por ANITA PATIL
A monótona fazenda de cubículos, marca registrada da cultura corporativa, está perdendo espaço, e não só por causa do desemprego em alguns países. Se você tem a sorte de estar empregado, talvez se veja num ambiente de trabalho em mutação: ele é mais transparente, fluido e colaborativo.
Esse novo paradigma de escritório é o contrário dos currais de engorda onde os trabalhadores labutam isolados. A gigante da publicidade Grey Group é uma das muitas empresas que adotaram a configuração aberta, transferindo seus 1.200 empregados, a maioria dos quais tinha escritórios, para seis andares em vez de 26, informou o "New York Times". Agora, há três escritórios, e os departamentos de criação e produção não têm mais divisórias.
"Criamos um ambiente mais rápido, mais aberto e colaborativo", disse ao "Times" Tor Myhren, diretor de criação da Grey Nova York, maior subsidiária da agência. "Este espaço reflete o que está acontecendo no mundo digital."
Não foram só as paredes que sumiram dos escritórios; as cadeiras também. Pesquisas médicas apontaram que pessoas que trabalham de pé tendem a ser mais saudáveis. E, nos últimos anos, várias empresas de móveis de escritório começaram a vender mesas que são altas o suficiente para que a pessoa fique de pé ao trabalhar no computador.
Nichole Stutzman, gerente de criação da empresa de mobiliário ergonômico Anthro, notou que as pessoas tendem a ficar de pé quando querem fazer algo significativo, contou o "Times". "Temos muitos designers aqui, e quando eles estão tentando desenhar ou fazer algo criativo começo a ouvir as mesas subindo", disse ela, referindo-se às estações de trabalho conversíveis.
E também chega de não ter interação com os colegas, um problema enfrentado por quem trabalha em casa. O conceito de trabalho compartilhado resolve isso. Empresas montam um ambiente profissional e alugam mesas a quem precisa, com todas as comodidades de um escritório, como salas de conferência, copiadora, impressora e wi-fi. Mais importante do que isso, esses espaços oferecem uma comunidade instantânea, escreveu o "Times". As pessoas trabalham de modo independente, mas há a possibilidade de partilhar ideias, socializar e até estabelecer redes sociais.
Marissa Lippert, que comanda a Nourish, empresa que presta consultoria em nutrição e estilo de vida, trabalha na In Good Company Workplaces, um espaço para empreendedoras em Manhattan, onde o plano básico custa US$ 300 por ano. "É o melhor de ambos os mundos", disse ela ao "Times". "Você comanda sua própria agenda e companhia, mas tem os benefícios de uma cultura corporativa."
O conceito de um espaço temporário e fluido parece estar influenciando as próprias carreiras. Economistas consideram que há um crescente número de pessoas que preferem viver como terceirizadas a terem um cargo corporativo fixo, disse o "Times".
Michael Sinclair trabalhava numa consultoria de estratégia e marketing perto de Atlanta, mas foi demitido no ano passado. Logo passou a se vender como consultor e conseguiu vários projetos em tempo parcial. "Simplesmente vi que não dá para depender de uma empresa", afirmou ele ao "Times". "Acho que muita gente, mesmo hoje em dia, ainda acha que você pode confiar numa empresa para ter segurança."
Sinclair prefere depender de si mesmo. "Vejo esse como o jeito pelo qual mais gente irá trabalhar no futuro."


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