São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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América Latina, nova anfitriã de hotéis estrelados

Por R. SCOTT MACINTOSH

Com praias paradisíacas, florestas tropicais - e suas prósperas cidades selecionadas para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 -, o Brasil é um dos países mais atraentes da América Latina para a expansão de grupos hoteleiros de luxo.
"Os mercados mais quentes são Panamá, Peru e Brasil, mas as empresas estão de olho em todas as cidades que são portas de entrada da América do Sul", diz Clay Dickinson, vice-presidente executivo da Jones Lang LaSalle Hotels. As grandes redes querem reforçar sua presença em algumas cidades e também construir novos hotéis em potenciais regiões, segundo Dickinson.
A STR Global, agência internacional de monitoramento da hotelaria, informa que a taxa de ocupação média na América do Sul foi de 66,5% em agosto - a mais alta quando comparada aos demais continentes - as Américas, Europa, Ásia (incluindo o Oriente Médio). A receita por unidade habitacional também aumentou na América Latina. Em agosto, o valor cresceu 26,8% em comparação ao mesmo período de 2010.
"O grande foco agora é o Brasil", diz Ricardo Suárez, vice-presidente de desenvolvimento da Starwood na América Latina. Até porque, a maior parte das acomodações no país, explica ele, é de hotéis três estrelas e que não segue os padrões internacionais.
"Existe uma grande oportunidade de melhorar a qualidade da hospedagem no Brasil", diz. "O desafio é a falta de capital. As taxas de juros são altas, o que torna o financiamento caro e escasso."
Dickinson tem a mesma preocupação. "Há concorrência com outros tipos de negócios imobiliárias, que conseguem uma taxa de retorno mais rápida do que um hotel." Por isso, diz Suárez, os hotéis estão em busca de parcerias ou de oportunidades em que possam, por exemplo, converter empreendimentos já prontos em hotéis.
Na Bahia, estão sendo desenvolvidos resorts com hotéis butique, com 40 e 60 quartos em estilo bangalô. "São muito exclusivos, principalmente para o mercado nacional", diz Dickinson. "Não é possível fazer um Ritz-Carlton ou um Four Seasons de 120 quartos em lugares assim."
O Brasil, por exemplo, lidera o portfólio hoteleiro da especialista em viagens Orient-Express, em parte, "porque a FIFA transformou o famoso Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, num centro para as operações da Copa do Mundo", afirma Filip Boyen, vice-presidente de operações da Orient-Express.
No geral, diz Dickinson, a América do Sul é "bastante atraente para o crescimento a médio e longo prazo", tendo como fatores principais o foco no Brasil e o aumento no turismo regional.
O turismo de aventura está contribuindo para o crescimento no Peru, onde, por exemplo, a Orient-Express está transformando um antigo convento, em Cusco, no Palacio Nazarenas, uma instalação irmã de seu Hotel Monasterio, um monastério convertido em hotel.
Quando for inaugurado na primavera de 2012, o Palacio Nazarenas, com 55 suítes, terá oxigênio com aroma floral, método encontrado pelo hotel para poupar os hóspedes dos efeitos da altitude, e oferecerá iPads. Ele também convidará artesãos para fazer tapeçarias e roupas que serão vendidas nas lojas do hotel - forma de promover a cultura e a arte locais.
A empresa já opera a linha de trem de luxo Hiram Bingham, um alojamento em Machu Picchu, chalés em Colca Canyon e um hotel-spa em Lima. Planeja acrescentar uma experiência de navio a vapor no lago Titicaca.
"A reputação do Peru está crescendo rapidamente", afirma Boyen. "Quando chegamos, o Country Club de Lima era o único hotel de luxo. Agora, o JW Marriott tem um hotel na capital e abrirá um menor em Cusco. O Westin Hilton já chegou. O Four Seasons está querendo vir, assim como as principais operadoras do mundo estão de olho."
As viagens de negócios, junto com o turismo, têm ajudado o Panamá. Quando o Trump Ocean Club foi inaugurado na capital, em julho, sua fachada incomum recebeu bastante atenção.
"O projeto é tão diferente que se tornou um ícone no país", afirma Jim Petrus, COO do Trump Hotel Collection. "As pessoas têm orgulho e o chamam de 'nosso Trump'. Isso é bom de ouvir."
O hotel mistura negócios e lazer. Seus quartos têm banheiras de frente para as janelas, com vista para a cidade. O bar é feito de madeira recuperada de árvores queimadas durante a construção do Canal do Panamá.
"Muito do que fazemos está relacionado ao comércio e à cultura local", diz Petrus. "Reconhecemos uma lacuna a ser preenchida." Ele conta que mais de três mil quartos logo estarão disponíveis no Panamá, já que o Starwood, o InterContinental e o Hilton vão inaugurar novos hotéis.


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