São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Queda na exportação prejudica Vietnã

Por PRADNYA JOSHI

HO CHI MINH, Vietnã - Mais que muitos países, o Vietnã foi atingido pelos altos e baixos da globalização.
Um ator relativamente novo na economia global, o país se beneficiou do capital e do interesse ocidentais na década de 1990 e no início desta, mas foi devastado pelas repercussões da última crise econômica nos EUA, a 12 mil quilômetros de distância.
A estratégia do Vietnã para competir na arena global -com relativo sucesso até recentemente- havia sido criar nichos de mercado onde podia entregar produtos de qualidade, como artesanato ou roupas especializadas, que a China não podia.
Mas as principais indústrias de exportação do Vietnã são muito dependentes das vendas para os Estados Unidos. Em 2009, os EUA foram o maior importador de produtos vietnamitas, absorvendo cerca de um quinto das exportações do país.
Empresas de móveis, por exemplo, tiveram uma enorme queda nos pedidos depois do rápido declínio das vendas de novas casas nos EUA.
A economia do Vietnã cresceu 4,6% em comparação com o mesmo período em 2008, segundo o Banco Mundial, em parte por causa das medidas de estímulo do governo.
Enquanto um país desenvolvido como os EUA ficaria feliz com esse crescimento, o Vietnã conseguiu sustentar nos últimos anos um crescimento médio acima de 7%. Ao mesmo tempo, sofreu uma forte retração das exportações.
Nos primeiros dez meses de 2009, as exportações vietnamitas caíram 13,8%, em comparação com o mesmo período de 2008, segundo o Banco Mundial. Embora essa queda seja menor que a da maioria dos países em desenvolvimento, poderia tornar 2009 o primeiro ano com um declínio das exportações desde o início das reformas econômicas no país.
A confecção Dai Viet Garment Limited, sediada em Ho Chi Minh, conseguiu sustentar seus negócios porque é especializada em fabricar o thoub, uma túnica masculina, para a Arábia Saudita e outros mercados do Oriente Médio.
A demanda por esse traje é bastante estável, o que permitiu que a empresa mantivesse seus 500 empregados diretos, além de outros 300 terceirizados.
Enquanto o mercado de turismo no Vietnã cresce, fabricantes de móveis como a Sadaco estão fornecendo para os novos resorts. Tran Quoc Manh, presidente da Sadaco, diz que também tentou diversificar sua base de clientes encontrando novos compradores na China e em áreas em crescimento do Vietnã, como a cidade de Dalat, onde estão sendo construídas novas mansões.
Mas o mercado local não pode substituir o enorme potencial do consumidor global. "O mercado local ainda é muito pequeno comparado com o americano, e as exportações, em geral para os EUA, continuam crescendo, embora não tanto quanto calculavam as projeções antes da crise", disse Frederick R. Burke, sócio-gerente do escritório no Vietnã da firma de advocacia Baker & McKenzie, que assessora exportadores.
É difícil encontrar estatísticas precisas do governo sobre perdas de emprego. Mas o Banco Mundial disse que há abundantes evidências de maiores dificuldades neste semestre.
As corporações no Vietnã ainda são conduzidas pelo governo oficialmente socialista. Este tomou várias medidas para forçar as fábricas a manter o nível de emprego durante a crise econômica e adotou um considerável pacote de estímulos fiscais.
"O governo está aprendendo com a experiência", disse V. Bruce J. Tolentino, economista-chefe da Fundação Ásia, um grupo sem fins lucrativos baseado em San Francisco (EUA). "Eles são pragmáticos, e esse pragmatismo está sendo muito útil."


Texto Anterior: DINHEIRO & NEGÓCIOS
Enxurrada de drogas e dinheiro contamina a divisa México-EUA

Próximo Texto: País das azeitonas faz uma colheita de fraudes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.