São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 2011

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11 DE SETEMBRO: DEZ ANOS DEPOIS

Dez anos depois

Ajustando-se ao novo mundo
pós-11 de Setembro

Marilynn K. Yee/The New York Times


N.R. KLEINFIELD
ENSAIO


Naquele dia -o 11 de Setembro que não precisa que seja dito de que ano-, o sol se pôs sobre edifícios esmagados, em um mundo reimaginado. Se pôs sobre um horizonte cujos contornos tinham mudado, sobre uma cidade assombrada.
As equações da vida tinham deixado de funcionar. Era assim que parecia.
Hoje, uma década depois daquele dia em que as torres gêmeas desabaram em Nova York, o Pentágono foi invadido e um avião desviado de sua rota caiu em um campo nas proximidades de Shanksville, Pensilvânia, as pessoas sabem onde estavam quando ouviram o inusitado.
As recordações permanecem frescas e contundentes. O chão tremendo, a muralha de fumaça que escondeu o sol, a poeira sufocante, as pessoas que pulavam do alto do edifício -as dolorosas perdas de vidas, os atos de heroísmo épico. As linhas telefônicas congestionadas que não permitiram as conexões com quem talvez pudesse ter respostas.
As pessoas ouvindo os rádios de seus carros, os relatos de mais aviões no céu, o medo de mais assassinos ainda por vir.
E os dias, semanas e meses de dor, mais tarde.
As pessoas comprando paraquedas para ter como fugir da próxima vez. A longa e arrastada busca pelos restos mortais. Os enterros.
Os ataques colocaram de ponta-cabeça as vidas de famílias -os pais, as mães, os maridos, as mulheres, os filhos das quase 3.000 pessoas que não voltaram para casa.
Paul Simon disse que não sabia se algum dia poderia ser capaz de concluir outro álbum. Em um site de recordações do dia, uma mulher escreveu que lamentava ter tido filhos, lamentava ter levado a inocência deles a um mundo que deixara de ser compreensível.
Mas houve um abismo entre as expectativas e a realidade. A profecia de mais ataques contra os EUA não se concretizou, pelo menos não por enquanto. Muitas coisas que se previu que mudassem não mudaram. Nova York, que por sua própria natureza é capaz de adaptar-se a tantas coisas, dispôs-se a absorver o 11 de Setembro e seguir em frente.
As pessoas conhecidas como "Wall Street", celebradas como mártires e heróis nos dias seguintes aos ataques, foram vilipendiadas por sua cobiça sem fim. A América voltou a ser um país de divisões ideológicas e de intransigência política incivilizada. O que se manteve? Tirar os sapatos e ser revistado nos aeroportos.


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