São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Orquestra de ukulelês garante surpresa agradável

Por SARAH LYALL

LONDRES - Se a Orquestra de Ukulelês do Reino Unido existe em parte para subverter expectativas, a primeira expectativa que subverte é a de que será muito ruim. "O alívio é uma das principais emoções demonstradas por nosso público", disse Dave Suich, um dos instrumentistas.
Mas a surpresa feliz de encontrar algo totalmente diferente do constrangimento previsto pela imaginação, marcado por pessoas dedilhando banjos, não explica por completo as reações de amor profundo que a orquestra inspira não apenas no Reino Unido, mas na Europa e em lugares tão distantes quanto Japão e Nova Zelândia.
Antes paixão restrita a um grupo grande mas pouco conhecido de devotos, a orquestra ganhou popularidade entre o grande público em setembro, quando se apresentou -com lotação esgotada- num festival de música em Londres.
"A orquestra de ukulelês virou uma instituição pela qual as pessoas têm grande apreço", escreveu o "Observer" de Londres. Laura Battle, do "Financial Times", elogiou a "maestria" dos instrumentistas e disse que "o som sofisticado que produzem -tanto percussivo quanto melódico- é ao mesmo tempo hilário e comovente".
Parte da atração está no fato de que o grupo -com oito músicos- extrai mais do que parece humanamente possível de um instrumento tão pequeno e modesto, com meras quatro cordas. Outra parte se deve ao senso de humor dos músicos, que os leva a rir deles mesmos tanto quanto da própria música.
Eles propositalmente não buscaram grandes gravadoras. Ganham dinheiro principalmente com as cerca de 150 apresentações ao vivo que fazem por ano e com os álbuns que vendem diretamente de seu site www.ukuleleorchestra.com.
E há o prazer inesperado de seu repertório, que funde e adapta gêneros distintos e abrange desde "A Cavalgada das Valquírias" até "Anarchy in the UK", dos Sex Pistols, que eles tocam no estilo de canção folclórica simpática, chegando a infundir uma informalidade aconchegante a versos como "I am an Antichrist" (sou um Anticristo). Eles também tocam uma versão de "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana.
O ukulelê é um instrumento bonitinho e levemente engraçado, especialmente quando é tocado por adultos trajando black-tie. Eles também usam suas vozes: um certo tipo de assobio, por exemplo, pode aproximar-se do som de um instrumento de sopro. Bater o ukulelê para amortecer as cordas e então mover levemente para cima e para baixo a mão que não está dedilhando pode produzir um som que imita o "wah-wah" de um pedal de guitarra elétrica.
Para brincar com canções cheias de notas longas, a orquestra toca uma sucessão de pizzicatos curtos. "Com riffs de heavy metal, quando você os toca beliscando as cordas do ukulelê, o som fica esganiçado", disse Grove-White. "É um bom jeito de tirar sarro da pomposidade."


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