São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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O precursor Google faz de tudo para segurar seus funcionários

Por CLAIRE CAIN MILLER

O Google, que apenas 12 anos atrás era um novato improvisado em uma garagem, hoje é visto no Vale do Silício como grande e pesado. Alguns dos melhores engenheiros da empresa estão se arrastando sob a crescente burocracia e saem para começar ou trabalhar em pequenas empresas.
As partidas incluem diretores como Lars Rasmussen, que ajudou a criar o Google Maps e o Wave antes de ir para o Facebook, e Omar Hamoui, fundador do AdMob, vice-presidente de anúncios móveis do Google.
Pelo menos 142 dos 1.700 funcionários do Facebook vieram do Google.
A esclerose corporativa é um problema para todas as empresas conforme elas crescem. Mas um endurecimento da burocracia e um ritmo de trabalho mais lento são ainda mais perceptíveis no Vale do Silício, onde as empresas crescem na velocidade da internet e se orgulham da constante inovação.
Para o Google, que tem 23 mil funcionários e US$ 23,7 bilhões em faturamento, o risco é de que, conforme os empregados saem, ele perca as melhores pessoas e a próxima grande ideia.
"É um passo curto da escala para a esclerose", disse Daniel H. Pink, um autor e analista do mercado de trabalho. "O problema torna-se mais agudo no Vale do Silício, onde, dentro de alguns anos, você poderá ter um concorrente em uma garagem pronto para derrubá-lo completamente."
O executivo-chefe do Google, Eric E. Schmidt, diz que as pessoas que pensam que a empresa enfrenta uma fuga de cérebros estão "erradas".
No entanto, a maturação do Google o preocupa. "Houve um tempo em que três pessoas do Google podiam construir um produto de classe mundial e entregá-lo, e isso terminou", disse Schmidt. Em consequência, o Google está dando passos agressivos para manter os empregados. Ele deu a vários engenheiros que disseram que sairiam para fundar novas empresas a oportunidade de começá-las dentro do Google. Eles trabalham independentemente e podem recrutar outros engenheiros e usar recursos do Google.
O Google Wave, maneira de as pessoas trabalharem juntas on-line, foi exemplo. A equipe de engenharia baseada em Sydney, Austrália, trabalhou independentemente e conseguiu uma participação no projeto. Mas o Google fechou o Wave neste ano. A empresa está considerando abrir incubadora de novatos dentro da companhia, segundo informação de duas pessoas.
Desde o início, os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, tentaram evitar a atrofia. Os empregados têm tempo -chamado de "20% do tempo" na empresa- para que trabalhem em seus próprios projetos. Mas, hoje, os novos produtos criados durante os 20% do tempo têm menor probabilidade de dar em alguma coisa.
Produtos populares do Google como o Gmail brotaram dos 20% do tempo. Mas os engenheiros dizem que foram incentivados a construir menos produtos novos e se concentrarem em aperfeiçoar os existentes.
Parte do problema do Google é que os melhores engenheiros, muitas vezes, têm mais sede empresarial. Alguns deles agora querem sair, pois estão frustrados com os processos e procedimentos. Josh McFarland, ex-diretor de produto do Google, saiu e fundou a TellApart, que ajuda varejistas a anunciar on-line.
"Acho que existe um tipo de gente capaz de abandonar esse dinheiro consistente e relativamente fácil, pois está insatisfeito com os processos de uma grande empresa", ele disse.
Para outras, tem a ver com ganhar mais em outro lugar. As novatas têm uma atração mais arriscada e potencialmente mais recompensadora: as ações de uma empresa antes de uma oferta pública inicial.
O Google, que sempre foi generoso com os salários, as opções de ações e os benefícios como massagens e comida grátis, vai um passo além para manter seus empregados. No mês passado, deu a cada funcionário aumento de 10% ou mais. As pessoas que têm ofertas de empregos foram convencidas a ficar com bônus de sete dígitos. O Google diz que 80% das pessoas que recebem uma contra-oferta ficam.
Schmidt negou a ideia de que o Facebook esteja atraindo as melhores pessoas do Google: "Nós contratamos mais pessoas em uma semana do que as que vão para o Facebook em toda a sua vida".


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