São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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Menos brilho nos shows da Broadway

Por PATRICK HEALY

Na temporada atual na Broadway, parte do público e dos críticos anda se perguntando se os musicais não estão cada vez mais preocupados com os custos, o que reflete em sua qualidade visual e em resultados irregulares.
Os quatro principais revivals de musicais que estrearam até agora nesta temporada -"Bye Bye Birdie", "Finian's Rainbow", "Ragtime" e "A Little Night Music"- foram desancados por alguns críticos por seus cenários, que pareciam mal concebidos ou frágeis.
Mesmo as produções de musicais recentes que tiveram o maior sucesso comercial -"Billy Elliot: The Musical", "Hair" e "West Side Story"- têm cenários que tendem ao minimalismo.
A tendência, na Broadway, à encenação de musicais que seguem o lema "menor é melhor" vai continuar a ser analisada ao longo da primavera americana, enquanto produtores e diretores discutem se produções enxutas como "Hair", que recuperou os US$ 5,8 milhões que custou em cinco meses, apontam uma direção mais inteligente a seguir na economia atual que extravagâncias como "Spider-Man: Turn Off the Dark", cuja pré-estreia prevista para fevereiro foi adiada em função da dificuldade em levantar fundos para seu orçamento, estimado em US$ 50 milhões.
Robert Longbottom, diretor e coreógrafo de "Bye Bye Birdie", que encerrou sua temporada em janeiro, disse que os cenários e figurinos do espetáculo eram de primeira, mas reconheceu que trabalhar com limitações foi complicado. "Às vezes -se você descobre que não tem recursos para fazer cada cena do jeito que gostaria- é preciso ser criativo", disse.
Para alguns veteranos, porém, a onda recente de verbas austeras parece uma concessão decepcionante aos custos crescentes de produção na Broadway. "Acredito que a escala menor dos musicais se deva ao dinheiro", disse o diretor Hal Prince.
"Quando dirigi os [musicais de grande porte] 'Follies' e 'A Little Night Music', eu não estava preocupado com as chances de esses musicais cobrirem seus custos, e ninguém me pressionava a me preocupar com isso", prosseguiu. "Já não é esse o caso hoje. E não sei se existe hoje o ambiente para montar produções enormes com a calma e confiança de décadas atrás."
Um dos novos musicais de maior sucesso comercial, "Billy Elliot", que recuperou em 14 meses os US$ 18 milhões que custou, acontece em grande parte em um salão de bailes de um centro comunitário. "Eu era novato como produtor. Não impus restrições de orçamento à visão criativa", disse Eric Fellner, produtor de "Billy Elliot", que recebeu o prêmio Tony de melhor musical. "É um espetáculo caro, sim, mas o que fez seu sucesso -o que faz o sucesso de muitos musicais- é sua qualidade e a profundidade emocional da história, os personagens e a beleza da música."


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