São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Luxo e boom imobiliário turbinam ilha chinesa

Preço alto não atrapalha destinos turísticos da China

Por EDWARD WONG
SANYA, China - Um construtor está erguendo o que afirma ser o maior hotel da Ásia, com espaço para um cassino e uma pista de corridas de galgos.
O Iate Clube Visun Royal, o maior da China, pretende comprar um helicóptero para ser usado por seus sócios. Um campo de golfe que cobra US$ 180 por partida está abrindo 220 chalés, cada um com seus próprios mordomo, piscina e miniacademia com sauna.
"Quero entrar para o Livro dos Recordes pelo maior número de academias/saunas em qualquer lugar", disse o gerente.
E há os especuladores imobiliários que voam da China continental para o resort turístico de Sanya, para comprar apartamentos cujo custo por metro quadrado equivale ao de partes de Manhattan. No último feriado do Ano-Novo Lunar, os hotéis cinco estrelas cobraram US$ 1.500 por noite.
Nos últimos meses, Hainan, uma ilha do tamanho da Bélgica no mar do Sul da China, vem se tornando símbolo revelador da vitalidade econômica chinesa, ou, possivelmente, de seus excessos. Mesmo em um país onde a riqueza recente gera novas histórias de vida luxuosa a cada dia que passa, Hainan é vista com um misto de assombro, inveja e repúdio.
O boom vivido na ilha, ao mesmo tempo em que boa parte do mundo enfrenta recessão, é alimentado por uma decisão inusitada da alta liderança chinesa: em 31 de dezembro, o Conselho de Estado (o gabinete chinês) divulgou memorando segundo o qual Hainan foi designada um "caso experimental" no desenvolvimento de um "destino turístico competitivo em nível internacional".
Investidores interpretam o anúncio como um esforço irrestrito de reformatar Hainan para convertê-la em um equivalente chinês de Mônaco, Las Vegas ou Havaí. Embora ainda não exista indicativo claro de que as autoridades irão autorizar o funcionamento de cassinos, alguns investidores já apostam que Hainan possa superar Macau, ex- colônia portuguesa hoje sob a soberania da China, como a ilha de iniquidade preferida dos chineses.
"É como se tivessem injetado o hormônio de crescimento no desenvolvimento econômico daqui, e as pessoas se perguntam no que isso vai dar", disse Xie Xiangxiang, diretor da Associação de Turismo de Sanya.
A "corrida ao ouro" de Hainan é tema de comentários em toda a China. Christopher Reynolds, empresário americano em Pequim, contou que um grupo de artistas chineses lhe recomendou que investisse em imóveis em Hainan. Em fevereiro, os valores médios de venda de imóveis em Sanya e Haikou, as duas cidades principais de Hainan, registraram alta de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado -cinco vezes os valores nacionais, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas.
Raymond Hau, gerente-geral do Sun Valley Golf Resort, comentou: "As pessoas estão vindo para cá com malas cheias de dinheiro".


Texto Anterior: Agricultura 2.0 conquista adeptos na terra do silício
Próximo Texto: Diário de Milão: Itália busca lucros no divórcio

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.