São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CIÊNCIA & TECNOLOGIA: GADGETS

Esqueceu o dinheiro? Pague a conta com o celular

Por CLAIRE CAIN MILLER
e NICK BILTON

Você ganha uma aposta, mas o perdedor não tem dinheiro vivo para pagar. Se ele tiver um cartão de crédito, há uma solução.
Várias pequenas e grandes empresas -como a unidade PayPal da eBay, o Intuit, o VeriFone e o Square- estão criando maneiras inovadoras para as pessoas evitarem dinheiro e cheques e acertarem todas as dívidas, públicas e privadas, usando seus telefones celulares.
Trata-se de pequenos leitores de cartão de crédito que são plugados em um celular e, por uma pequena taxa, permitem que qualquer indivíduo ou pequena empresa transforme um telefone em um terminal de processamento de cartão de crédito. O aplicativo do PayPal pede apenas um pequeno toque entre dois celulares para transferir o dinheiro. A Apple apresentou uma patente de um aplicativo para um sistema de pagamento via celular.
Brian Kusler, 40, engenheiro, fez recentemente uma refeição em um restaurante em San Francisco. Seu companheiro de mesa pagou a conta toda e pediu que ele acertasse sua parte. Em vez de procurar um caixa automático, os dois conectaram seus iPhones, e Kusler transferiu ao amigo, sem fio, sua parte da despesa, cerca de US$ 100.
"Não carrego muito dinheiro; acho que ninguém carrega hoje em dia", disse Kusler.
"Muitas vezes preciso lembrar de pagar a meus amigos, e eu quero poder fazer isso na hora."
Há evidências de que o dinheiro de papel está sendo cada vez menos usado, segundo o Fed (Banco Central dos EUA). Embora os pagamentos em dinheiro sejam difíceis de rastrear, o número de transações que não são feitas com dinheiro nos EUA cresceu de menos de 250 por pessoa em 1995 para mais de 300 em 2006. Dados sobre pequenas contas e contas fechadas indicam que o uso de dinheiro atingiu o pico em meados dos anos 1990 e vem diminuindo desde então, segundo descobriram dois economistas do Fed em Cleveland.
"Quando os cartões de débito foram lançados, nos anos 90, foi o início do lento e gradual declínio dos cheques e do dinheiro", disse Red Gillen, analista da Celent, consultoria de tecnologia e serviços financeiros.
Mas o dinheiro vivo continua essencial em certos casos, como comprar frutas em uma feira. As novas tecnologias de pagamento móvel podem mudar isso.
"O problema do dinheiro é que ele é tangível, é inconveniente, você tem de carregar uma porção de notas e constantemente precisa ir ao caixa automático", disse Jack Dorsey, cofundador do Twitter e principal executivo da Square, fabricante de um pequeno dispositivo que, ligado ao fone de ouvido de um iPhone ou iPad,instantaneamente aceita pagamentos em cartão de crédito. "Se pudermos fazer cartões mais convenientes e rápidos, [eles] substituirão muitas experiências ligadas ao dinheiro."
Carteiras leves não são um problema para Joe Mangrum, pintor de areia na calçada em Nova York, que tem usado o Square para aceitar donativos de pedestres e vender exemplares de seu livro. As vendas aumentaram desde que ele começou a aceitar cartões de crédito através de seu iPhone, ele disse.
Os novos serviços poderão ter maior impacto em pequenas empresas como barracas de produtos agrícolas ou faxineiros, que só aceitam dinheiro e cheques porque não têm lojas para abrigar terminais de cartão e não querem entrar no longo e complexo relacionamento com as empresas de cartão de crédito.
Rachel Ancliffe, estilista de roupas de Portland, Oregon, vende seus vestidos e blusas em bazares em sua casa e usa o GoPayment, da Intuit, para processar pagamentos em cartão de crédito. "Você não pode aceitar cheques porque estaria jogando fora seu produto", por causa de fraudes e cheques devolvidos, disse Ancliffe. "Eu vendo dez vezes mais porque aceito cartões de crédito."
Apesar de as pessoas usarem menos dinheiro, ele está longe de extinto, disse Wayne Abernathy, vice-presidente-executivo de políticas de instituições financeiras da Associação Americana de Banqueiros. "Historicamente, vimos mais inovações fracassadas em pagamentos do que outras bem-sucedidas, porque você precisa convencer as pessoas de que [a alternativa] é segura, mais eficiente e confiável", disse.
Mas uma sociedade sem dinheiro poderá se tornar realidade quando a geração mais jovem crescer. "As pessoas mais velhas tendem a gostar de usar dinheiro ou cheques", disse Abernathy. "Os mais jovens querem fazer tudo eletronicamente."


Texto Anterior: Diário de Milão: Itália busca lucros no divórcio

Próximo Texto: Relógios de luxo ficam mais leves
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.