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Cozimento por indução tenta conquistar o público
A tecnologia modifica as tarefas do dia a dia
Por KIM SEVERSON
O cozimento por indução existe há décadas, mas só recentemente a demanda fez os
preços caírem e as opções aumentarem. Nos últimos dois anos, Viking, GE, Samsung e
Kenmore começaram a vender fogões por indução.
Com sua eficiência energética, o apelo de modernidade e a crescente reputação pela
energia e a precisão, o cozimento por indução poderá se tornar o iPad da cozinha: assim
como a última invenção da Apple, a tecnologia de indução tem a chance de mudar para
sempre as tarefas cotidianas, ou de nunca cumprir sua promessa.
O fogão por indução, que usa um eletromagneto para aquecer panelas de ferro ou aço,
ainda é um mistério para a maioria dos cozinheiros e cozinheiras dos EUA. Em pesquisa
independente feita pela internet em 2009 com 2.000 pessoas, só 5% disseram ter um
cooktop ou fogão por indução.
Diante de um desses, até grandes cozinheiros precisam rever seus conceitos básicos. O
calor chega tão depressa que qualquer pessoa acostumada a despejar óleo em uma
frigideira e picar a última cebola enquanto ele aquece comete um grande erro. Aprender
a controlar o nível de calor é como tentar dominar uma nova língua.
Mas 22% das pessoas entrevistadas sobre o tema em 2009 disseram que seu próximo
fogão ou cooktop será por indução. A atração é especialmente forte entre jovens, que
estão montando suas primeiras cozinhas, segundo a pesquisa. Ao contrário dos
membros da geração baby boom ou da Geração X, a nova classe de cozinheiros está
menos ligada à estética do gás e mais interessada em opções ambientalmente sensatas.
Embora cozinhar represente uma pequena quantidade do consumo de energia de uma
casa, os cooktops por indução são comercializados como muito mais eficientes no
consumo energético do que o fogão gás ou a eletricidade, porque cozinham mais
depressa e perdem menos calor no processo.
Ultimamente, o preço deixou de ser um empecilho tão grande. Embora um fogão por
indução Viking possa custar até US$ 6.000, alguns modelos hoje saem por pouco mais
de US$ 1.500. A LG lançou recentemente um cooktop híbrido com dois elementos por
indução e dois elétricos por US$ 800.
Mas nem todos aprovam. Depois de viver com um fogão por indução, o designer
Christopher Peacock tem suas dúvidas sobre o sistema. Ele instalou um em sua casa,
atraído pelo visual moderno, a promessa de desempenho e a facilidade com que se pode
limpar o tampo de cerâmica selado. Qual é o problema? Cozinhar.
"O maravilhoso é que a panela esquenta muito rapidamente, mas eu tive problemas para
controlar o fogão e compreender qual nível vai dar a quantidade certa de calor", disse.
Peacock também teve de comprar novas panelas. Todas aquelas lindas panelas de cobre
que você ganhou de casamento? Esqueça-as.
As empresas que vendem unidades por indução vendem também panelas especialmente
criadas para transferir energia. Mas há soluções menos caras. Ferro forjado e até as
panelas revestidas de esmalte são adequadas. Assim como muitas de aço inoxidável.
A ampla aceitação da indução provavelmente se resumirá a se ela aperfeiçoa o ato de
cozinhar e a quanto os clientes temem uma nova tecnologia, segundo Lynn Dornblaser,
que estuda lançamentos de produtos para a empresa de pesquisas Mintel.
"O novo pode ser muito assustador quando é algo tão integral quanto um fogão", ela
disse. "Você prefere ter algo que compreende realmente bem ou algo que pode lhe
trazer grande vantagem, mas que ainda é desconhecido?"
O uso da indução em restaurantes poderia ajudar a técnica a alcançar a corrente
dominante. Como as "bocas" por indução produzem o calor fraco, constante e preciso
exigido por certos molhos e preparados, os restaurantes mais requintados muitas vezes
têm uma ou duas de prontidão.
E a indução é rápida. Consegue ferver água em segundos e poupar minutos do tempo
necessário para se preparar um jantar.
Essa poderá ser exatamente a vantagem de que precisa para abrir caminho até as casas.
"Se você consegue ferver água mais depressa, cozinha o macarrão mais depressa e serve
o jantar mais depressa", disse Dornblaser.
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