Por NATASHA SINGER

Em um mundo com dados ilimitados, os "designers da informação" são nossos novos guias.
Trata-se de cientistas da computação, estatísticos, infografistas e cartógrafos que mapeiam oceanos inteiros de dados para transformá-los em apresentações visuais inovadoras, que ajudam empresas e consumidores durante navegação por tal desordem. "A estatística", diz Hans Rosling, professor de saúde internacional no Instituto Karolinska, na Suécia, "é hoje o assunto mais sedutor que existe". Rosling é um dos fundadores da Gapminder, ONG de Estocolmo que trabalha para conscientizar o público sobre as disparidades na saúde e riqueza ao redor do mundo -usando para isso estatísticas interativas on-line, que ajudam o usuário a identificar tendências por conta própria.
Aperte o botão "play" e um gráfico animado, chamado Gapminder World, mostra uma constelação de bolhas coloridas, cada uma representando um país e oscilando ao longo de dois séculos. Sem jamais bater o olho em estatísticas tediosas, você pode enxergar alguns países, como o Brasil, rapidamente se tornando mais ricos e saudáveis, enquanto bolhas menores, para países como o Congo, crescem no eixo da expectativa de vida, mas despencam na linha de renda.
A animação deixa as estatísticas sobre a pobreza tão intuitivas e potencialmente fascinantes quanto os programa de TV sobre a natureza.
"Se mostrarmos uma manada de zebras, e uma zebra com uma perna ruim fica para trás, você pode ver isso imediatamente", diz Rosling. "Se um país é deixado para trás, você pode ver isso também."
A análise visual lida com a ideia de que o cérebro é mais atraído por imagens dinâmicas do que por longas listas de números, além de mais capaz de lidar com as primeiras. "O objetivo", diz Ben Shneiderman, diretor-fundador do Laboratório de Interação Humanos-Computadores, na Universidade de Maryland, "é a compreensão, não as imagens".
Esse campo em expansão tem implicações para empresas, governos, instituições acadêmicas, ONGs, veículos de comunicação e agências de marketing. Mas os avanços, diz ele, acarretam benefícios e riscos.
As pessoas se tornam mais engajadas quando conseguem filtrar informações apresentadas visualmente e fazem descobertas por conta própria.
Mas, alerta Shneiderman, ferramentas tão poderosas quanto essas visualizações têm o potencial de enganar ou confundir os consumidores. E surgem também implicações de privacidade, acrescenta ele, já que crescentes quantidades de dados pessoais se tornam acessíveis.
Na década de 1990, Shneiderman desenvolveu o "mapeamento em árvore", que usa retângulos interligados para representar conjuntos de dados complicados. Os retângulos são feitos em tamanhos e cores que transmitem diferentes tipos de informação, como faturamento ou região geográfica, diz Jim Bartoo, executivo-chefe do Hive Group, empresa de software que trabalha com essa técnica.
"É a capacidade do cérebro humano para escolher o tamanho e a cor" que torna o mapeamento em árvore tão intuitivo, explica ele. A visualização de informações, diz, "de repente começa a responder a dúvidas que você não sabia que tinha".
O Hive Group também já divulgou um "mapa-árvore" das cem músicas mais populares no iTunes, atualizado a cada 24 horas.
Em 2009, a Stamen Design, um estúdio de design e tecnologia em San Francisco, criou uma visualização ao vivo do tráfego do Twitter durante o MTV Video Music Awards. No gráfico animado, bolhas flutuantes, cada uma exibindo a foto de uma celebridade, aumentavam ou diminuíam dependendo do volume de atividade relacionada a cada astro em determinado momento no Twitter, conta Eric Rodenbeck, fundador da Stamen.
Os designers, diz Rodenbeck, no passado guiavam o público para a informação que parecia ser mais importante ou relevante; agora, eles criam efeitos visuais com imagens genéricas atraentes e, depois, deixam o usuário direcionar sua própria experiência interativa.
O mondowindow.com, criado pela empresa, mostra aos passageiros de companhias aéreas com acesso a wi-fi um detalhado mapa por satélite da paisagem que está sendo sobrevoada -e permite que eles direcionem o olhar.
Bolhas de informação destacam nomes de lugares, monumentos, atrações turísticas e fotos da fauna nativa.


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