São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 2011

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Intensidade é chave para queimar mais calorias

Por GINA KOLATA
Dependendo de para quem você perguntar, a resposta será ou um dos grandes mitos do exercício, ou uma das grandes verdades não apreciadas: o corpo queima mais calorias depois da ginástica?
Ao longo dos anos, foram realizados diversos estudos com resultados mistos sobre o chamado efeito de queima posterior. A última conclusão saiu em um trabalho recente na revista "Medicine & Science in Sports & Exercise". Sua principal autora, Amy A. Knab, da Universidade Estadual Appalachian, na Carolina do Norte, diz que ele supera estudos anteriores por causa do seu projeto cuidadoso.
A doutora Knab e seus colegas recrutaram dez homens de 22 anos a 33 anos, que concordaram em passar dois períodos de 24 horas em uma pequena câmara metabólica. Nem todos os homens eram atletas, mas tinham de ser capazes de pedalar vigorosamente uma bicicleta.
Na primeira visita à câmara, os sujeitos tiveram de ficar perfeitamente imóveis, sentados em uma cadeira e se movendo apenas para fazer as refeições, que eram enviadas através de uma comporta estanque. À tarde, eles podiam se alongar por dois minutos a cada hora. Às 22h30, era hora de ir para cama, e, às 6h30 da manhã seguinte, eles eram despertados e podiam partir. Eles queimaram, em média, 2.400 calorias em um dia totalmente sedentário.
A segunda visita à câmara foi dois dias depois. Era tudo igual, com uma exceção: às 11h da manhã, os sujeitos pedalaram com alta intensidade uma bicicleta ergométrica durante 45 minutos.
O exercício em si queimou cerca de 420 calorias, segundo o registro da doutora Knab e dos seus colegas. Mas o mais interessante foram as calorias queimadas depois. Nas 14 horas seguintes, os homens queimaram mais 190 calorias, aumentando o total de calorias queimadas em 37%.
Knab suspeita que um dos motivos de haver um efeito tão pronunciado foi a alta intensidade do exercício. Os sujeitos tiveram de pedalar a 70% do chamado VO2 máximo, a quantidade máxima de oxigênio que o corpo de uma pessoa pode absorver durante o exercício -esforço que os fazia respirar forte demais para conseguir conversar. E eles tiveram de mantê-lo durante 45 minutos.
Um estudo diferente, também usando uma câmara metabólica, testou os efeitos de exercícios moderados e não descobriu uma queima posterior. Esses sujeitos se exercitaram a 50% do VO2 máximo, um nível que ainda permite conversar.
Claude Bouchard, um cientista do Centro de Pesquisa Biomédica Pennington em Baton Rouge, Louisiana, juntamente com outros pesquisadores, investigou o efeito do exercício usando uma boqueira e um clipe no nariz ou um capuz ventilado para determinar o consumo de oxigênio e o dióxido de carbono exalado.
Eles descobriram que quando se fazem estudos da maneira adequada calorias extras só são queimadas nas horas posteriores ao exercício se os sujeitos se exercitarem pelo menos com a mesma intensidade e duração que os estudados pela doutora Knab. Caso eles se exercitem com mais força, queimarão ainda mais calorias depois.
Um livro recente que o doutor Bouchard e um colega editaram comenta dois estudos.
Os pesquisadores descobriram que se os sujeitos corressem a 70% de seu VO2 máximo ou pedalassem a 75% dele, poderiam queimar de 300 a 700 calorias extras depois que o exercício terminasse, embora fosse raro atingir 700 calorias.
Não está claro por que se queimam calorias extras depois de um período de exercício intenso, diz o doutor Bouchard. Parte do efeito pode ser devido ao metabolismo energético pós-exercício: vários hormônios continuam elevados, e o corpo usa mais gordura e menos carboidrato. E calorias extras podem se queimar quando o corpo se reabastece de glicogênio, o açúcar armazenado nos músculos.
Mas, de modo geral, o efeito continua sendo um mistério.


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