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DINHEIRO & NEGÓCIOS
Sony busca novo sucesso para voltar a dias de glória
Por HIROKO TABUCHI
NAGOYA, Japão - A nova e espaçosa loja da Sony em Nagoya, centro do Japão, tem
vitrines do piso ao teto, balcões brancos elegantes e funcionários simpáticos,
chamados de "estilistas", que oferecem conselhos e assessoria sobre os novos
gadgets da marca.
"É igualzinha a uma loja da Apple", riu Yuka Hara, 23, uma das milhares de
visitantes do local no dia de sua inauguração, em março.
O design copiado da loja, embora mais moderno e atual que os tradicionais pontos
de venda Sony Style, é um sinal da luta da marca para recuperar sua posição nos
últimos anos, após uma série de enganos: a empresa sempre parece estar brincando
de gato e rato, em vez de dar um salto à frente.
"A Sony antes marcava gols, mas agora perdeu o toque", disse Akihiko Jojima,
autor do livro "Sony's Sickness" (A doença da Sony). "Ainda faz produtos
competentes, mas são apenas entediantes."
Tem sido uma queda humilhante para a companhia, que já abalou categorias
inteiras de produtos eletrônicos com seu tocador de música Walkman e seu console
de jogos PlayStation e que cobrava preços elevados por produtos de alta
qualidade.
Nos últimos anos, sua posição de titã dos equipamentos eletrônicos foi usurpada
por concorrentes mais ágeis. O iPod da Apple domina os tocadores de música
digitais. Nos games, os consoles PlayStation 3 e PlayStation Portable da Sony
ficam atrás das máquinas Wii e DS da Nintendo -e o DS agora terá uma atualização
para 3D. A Samsung lidera o mercado global de TVs de tela plana, um baluarte
tradicional da Sony.
O leitor de e-books pioneiro da Sony perdeu sua liderança para o Kindle, da
Amazon. E, no crescente mercado de "smartphones", a Sony está de mãos atadas.
Conforme um acordo de 2001 que colocou suas operações de telefonia celular em
uma joint venture com a Ericsson, a Sony foi impedida de oferecer celulares que
utilizem outras tecnologias da própria marca.
Enquanto isso, a empresa deixou de alavancar a riqueza de conteúdo de suas
filiais de música e cinema para benefício da companhia como um todo. Mas, à
medida que admite seus tropeços passados, a Sony diz que já iniciou seu retorno.
"Entraremos na ofensiva em 2010", disse Yoshihisa Ishida, vice-presidente sênior
da empresa, ao revelar um novo televisor 3D em Tóquio em março. A Sony começará
a vender TVs 3D em junho, aderindo a um esforço do setor para trazer a
tecnologia por trás do filme "Avatar" para as salas de estar.
Nas próximas semanas, a Sony vai lançar um novo serviço on-line que permitirá
aos usuários baixar música, programas de TV, filmes e jogos da extensa
biblioteca da empresa em aparelhos como computadores, tocadores Blu-ray,
televisores, consoles de jogos e câmeras digitais. A rede, experimentalmente
chamada de Sony Online Service, será baseda na existente PlayStation Network da
companhia, um site de download de jogos que tem mais de 40 milhões de contas.
A Sony está trabalhando com o Google e a Intel na Google TV, plataforma para uma
nova geração de televisores e caixas set-top que tornarão mais fácil navegar
pela web em telas de TV. Os primeiros aparelhos com a tecnologia deverão estar à
venda nos próximos meses.
A companhia também trabalha em computadores "tablet" parecidos com o iPad, da
Apple. "Haverá vários produtos diferentes que poderão ser comparados com o
iPad", disse um engenheiro da Sony que pediu anonimato.
Seja qual for a forma de ataque, os próximos passos do executivo-chefe da Sony,
Howard Stringer -que prometeu tornar a companhia "bacana de novo" quando assumiu
seu comando em 2005-, serão críticos.
E, com os braços direitos de Stringer finalmente no lugar depois de uma
reorganização administrativa no ano passado, os investidores esperam que ele
possa se concentrar em sua visão para unir o hardware e o software da marca. O
preço da ação da Sony duplicou em 2009, superando o do mercado japonês em geral.
"Se você somar todos os celulares, câmeras digitais, tocadores de música e
computadores da Sony, terá uma rede que faria da Apple uma anã", disse Erich
Katayama, analista de tecnologia. "E a Sony também tem conteúdo. Pode se tornar
competitiva."
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