São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Sony busca novo sucesso para voltar a dias de glória

Por HIROKO TABUCHI

NAGOYA, Japão - A nova e espaçosa loja da Sony em Nagoya, centro do Japão, tem vitrines do piso ao teto, balcões brancos elegantes e funcionários simpáticos, chamados de "estilistas", que oferecem conselhos e assessoria sobre os novos gadgets da marca.
"É igualzinha a uma loja da Apple", riu Yuka Hara, 23, uma das milhares de visitantes do local no dia de sua inauguração, em março.
O design copiado da loja, embora mais moderno e atual que os tradicionais pontos de venda Sony Style, é um sinal da luta da marca para recuperar sua posição nos últimos anos, após uma série de enganos: a empresa sempre parece estar brincando de gato e rato, em vez de dar um salto à frente.
"A Sony antes marcava gols, mas agora perdeu o toque", disse Akihiko Jojima, autor do livro "Sony's Sickness" (A doença da Sony). "Ainda faz produtos competentes, mas são apenas entediantes."
Tem sido uma queda humilhante para a companhia, que já abalou categorias inteiras de produtos eletrônicos com seu tocador de música Walkman e seu console de jogos PlayStation e que cobrava preços elevados por produtos de alta qualidade.
Nos últimos anos, sua posição de titã dos equipamentos eletrônicos foi usurpada por concorrentes mais ágeis. O iPod da Apple domina os tocadores de música digitais. Nos games, os consoles PlayStation 3 e PlayStation Portable da Sony ficam atrás das máquinas Wii e DS da Nintendo -e o DS agora terá uma atualização para 3D. A Samsung lidera o mercado global de TVs de tela plana, um baluarte tradicional da Sony.
O leitor de e-books pioneiro da Sony perdeu sua liderança para o Kindle, da Amazon. E, no crescente mercado de "smartphones", a Sony está de mãos atadas. Conforme um acordo de 2001 que colocou suas operações de telefonia celular em uma joint venture com a Ericsson, a Sony foi impedida de oferecer celulares que utilizem outras tecnologias da própria marca.
Enquanto isso, a empresa deixou de alavancar a riqueza de conteúdo de suas filiais de música e cinema para benefício da companhia como um todo. Mas, à medida que admite seus tropeços passados, a Sony diz que já iniciou seu retorno.
"Entraremos na ofensiva em 2010", disse Yoshihisa Ishida, vice-presidente sênior da empresa, ao revelar um novo televisor 3D em Tóquio em março. A Sony começará a vender TVs 3D em junho, aderindo a um esforço do setor para trazer a tecnologia por trás do filme "Avatar" para as salas de estar.
Nas próximas semanas, a Sony vai lançar um novo serviço on-line que permitirá aos usuários baixar música, programas de TV, filmes e jogos da extensa biblioteca da empresa em aparelhos como computadores, tocadores Blu-ray, televisores, consoles de jogos e câmeras digitais. A rede, experimentalmente chamada de Sony Online Service, será baseda na existente PlayStation Network da companhia, um site de download de jogos que tem mais de 40 milhões de contas.
A Sony está trabalhando com o Google e a Intel na Google TV, plataforma para uma nova geração de televisores e caixas set-top que tornarão mais fácil navegar pela web em telas de TV. Os primeiros aparelhos com a tecnologia deverão estar à venda nos próximos meses.
A companhia também trabalha em computadores "tablet" parecidos com o iPad, da Apple. "Haverá vários produtos diferentes que poderão ser comparados com o iPad", disse um engenheiro da Sony que pediu anonimato.
Seja qual for a forma de ataque, os próximos passos do executivo-chefe da Sony, Howard Stringer -que prometeu tornar a companhia "bacana de novo" quando assumiu seu comando em 2005-, serão críticos.
E, com os braços direitos de Stringer finalmente no lugar depois de uma reorganização administrativa no ano passado, os investidores esperam que ele possa se concentrar em sua visão para unir o hardware e o software da marca. O preço da ação da Sony duplicou em 2009, superando o do mercado japonês em geral.
"Se você somar todos os celulares, câmeras digitais, tocadores de música e computadores da Sony, terá uma rede que faria da Apple uma anã", disse Erich Katayama, analista de tecnologia. "E a Sony também tem conteúdo. Pode se tornar competitiva."


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