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Escavação na Síria pode revelar origens das cidades
Por JOHN NOBLE WILFORD
Escavações arqueológicas em curso no norte da Síria podem ampliar e aprofundar a
compreensão de uma cultura pré-histórica da Mesopotâmia que abriu caminho para o
surgimento dos primeiros Estados e cidades.
Em um sítio conhecido como Tell Zeidan, pesquisadores de EUA e Síria já
descobriram uma grande amostra de artefatos do que teria sido um robusto
assentamento pré-urbano no alto rio Eufrates. As pessoas ocuparam o local por
dois milênios, até 4000 a.C. -um período pouco conhecido, mas decisivo, da
evolução cultural humana.
Os acadêmicos dizem que Zeidan pode fazer revelações sobre a vida no chamado
período Ubaid (5500-4000 a.C.). Nessa época pouco estudada, a agricultura com
irrigação se espalhou, o comércio em longas distâncias ganhou importância sócio-
econômica, poderosos líderes políticos emergiram, e as comunidades gradualmente
se dividiram em classes sociais, com elite e plebe.
Gil Stein, diretor do Instituto Oriental da Universidade de Chicago, um dos
líderes da escavação em Zeidan, disse que a localização tão setentrional do
sítio promete enriquecer nosso conhecimento sobre a influência da cultura Ubaid
longe de onde os primeiros centros urbanos acabaram florescendo, no vale do
Tigre e Eufrates, mais abaixo.
O antropólogo Guillermo Algaze, da Universidade da Califórnia, em San Diego, uma
autoridade nos primórdios do urbanismo do Oriente Médio (e não envolvido na nova
pesquisa), disse recentemente que Zeidan "tem potencial para revolucionar as
atuais interpretações de como a civilização no Oriente Próximo aconteceu".
O sítio consiste de três morros na margem leste do rio Balikh. Esses montes, o
maior dele com 15 metros de altura, contêm as ruínas de uma cidade mais baixa.
Nos verões boreais de 2008 e 2009, Stein dirigiu o mapeamento das ruínas de
Zeidan e a escavação de fossos exploratórios. Ele disse que as conclusões
iniciais confirmaram que se tratava de uma "comunidade protourbana" do período
Ubaid, provavelmente o local de um templo importante.
Uma das descobertas mais reveladoras foi um selo de pedra, de cerca de 5 cm por
6,3 cm, mostrando um cervo, supostamente usado para imprimir uma marca de
propriedade em mercadorias. Arqueólogos dizem que seu desenho é similar a um
selo encontrado 300 km a leste, em Tepe Gawra. Richard Zettler, arqueólogo da
Universidade da Pensilvânia, disse que isso significa que alguém tinha
"autoridade para restringir o acesso às coisas -para fechar e selar jarros,
sacolas, portas-, e, uma vez que você tem esses selos, é preciso que tenha
havido estratificação social".
A existência de selos elaborados com motivos quase idênticos em locais tão
distantes, disse Stein, sugere que nesse período havia elites assumindo posições
de liderança numa ampla região.
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