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Indígenas americanos buscam seus idiomas esquecidos
Por PATRICIA COHEN
Há quase 200 anos ninguém fala shinnecock ou unkechaug, línguas de duas tribos
indígenas d e Long Island, Estado de Nova York. Agora, a Universidade Stony
Brook e duas nações indígenas estão iniciando um projeto conjunto para recuperar
essas línguas extintas, usando documentos antigos, como uma lista de vocabulário
compilada pelo ex-presidente dos EUA Thomas Jefferson (1801-09) durante visita à
ilha em 1791.
A meta é ressuscitar as línguas e levar membros das tribos a falá-las, disseram
representantes das tribos e da Universidade Stony Brook, em Southampton.
O chefe Harry Wallace, líder eleito da nação unkechaug, disse que, para os
membros das tribos, conhecer a língua é uma parte integral da compreensão de sua
própria cultura. "Quando nossos filhos estudam sua língua, eles têm performance
educacional melhor", disse. "Têm uma base forte na qual se apoiar."
O caso de Long Island faz parte de uma onda de projetos de recuperação
linguística empreendidos por índios americanos nos últimos anos. Para muitas
tribos, a língua é o adesivo cultural que mantém uma comunidade unida. Bruce
Cole, ex-presidente da Organização para as Humanidades dos EUA, que patrocina
programas de preservação de idiomas, descreveu a língua como "o DNA de uma
cultura".
As chances de o empreendimento não ter êxito são grandes, em vista do número
pequeno de pessoas que poderão vir a falar as línguas e da dificuldade em
persuadir uma nova geração a participar.
Das mais de 300 línguas indígenas que eram faladas nos EUA, só 175 ainda
existem, segundo o Instituto de Língua Indígena. Esse grupo sem fins lucrativos
estima que, sem esforços de restauração, não mais que 20 dessas línguas ainda
serão faladas em 2050.
A tribo unkechaug, que ocupa reserva de 21 hectares em Mastic (Estado de Nova
York), tem 400 integrantes cadastrados. Os shinnecock abrangem cerca de 1.300
membros cadastrados e têm uma reserva adjacente a Southampton.
Robert Hoberman, diretor do departamento de linguística da universidade Stony
Brook, cuida da parte acadêmica do projeto.
O shinnecock e o unkechaug fazem parte da família de línguas algonquinas.
Algumas delas têm dicionários e ainda são faladas por algumas pessoas como sua
primeira língua, disse Hoberman. A equipe pode recorrer a essas pessoas para
descobrir palavras e entender estruturas gramaticais.
O professor explicou que a recuperação da língua é um processo de duas fases.
"Primeiro, temos que decifrar a 'aparência' que a língua tinha", disse ele,
usando orações das quais as pessoas se recordam, saudações, ditados e listas de
vocabulário como a que foi criada por Thomas Jefferson. "Em seguida, analisamos
línguas que são mais bem documentadas, olhamos listas curtas de vocabulários
para ver as diferenças e equivalências e, então, usamos tudo isso para
reconstruir as línguas de Long Island. "Quando tivermos uma ideia de como a
língua deve soar, de seu vocabulário e sua estrutura, então a introduziremos às
pessoas da comunidade."
Hoberman disse que, embora possa parecer impossível recriar o som de uma língua
perdida, o processo não é tão misterioso assim: os dicionários foram
transliterados para o inglês.
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