São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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Cidade de cassinos busca o nicho latino

Por JENNIFER MEDINA
PRIMM, Nevada - A empresa que dirige três cassinos aqui aposta que cortejar agressivamente os latinos no sul da Califórnia vai ajudá-la a fazer sucesso, depois que a proliferação de cassinos indígenas e a economia abalada a fez declarar falência em 2009.
Dirigidos pela Primm Valley Casino Resorts, os cassinos têm jogos de blackjack com crupiês bilíngues e regulamentos impressos em espanhol nas mesas. No ano passado, eles começaram uma série de shows com músicos famosos que falam espanhol, e lotam a casa.
"As pessoas sempre disseram coisas como: 'Esse grupo demográfico não aposta'", disse Jay Thiel, vice-presidente de operações do cassino, que trabalha na indústria há mais de 30 anos. "Mas um dia nós olhamos em volta e percebemos que eram eles que estavam aqui. Não tínhamos noção de como aquela ideia estava errada."
Como seus homólogos em Las Vegas, a 70 quilômetros de distância, os cassinos tentam cultivar a lealdade entre jogadores oferecendo refeições e quartos grátis e outras atrações para os que gastam mais. Aqui, alguém que gaste US$ 1 mil em um fim de semana é considerado um grande cliente. Em Las Vegas esse tipo de consumo nem sequer chamaria a atenção dos supervisores dos casinos.
Muitos líderes latinos dizem estar deliciados com a atenção para os clientes hispânicos e não manifestaram temores sobre o excesso de exposição aos jogos.
Mas Mary Cuadrado, uma professora-assistente de justiça criminal na Universidade do Texas em El Paso disse: "A questão não é que as pessoas vão ficar viciadas, mas há evidências de que os latinos têm menor probabilidade de procurar tratamento se tiverem um problema".
Quando Espinoza Paz, um cantor pop mexicano, se apresentou no teatro quase lotado, em agosto, os 2.600 quartos do resort estavam ocupados. "O pessoal de Las Vegas mataria para ter esses números", disse Stuart Richey, vice-presidente de marketing.
Placas em espanhol nos cassinos dizem: "Jogue blackjack em sua própria língua". Outra deseja "Bom apetite" aos clientes do restaurante. Garçonetes circulantes oferecem doses de tequilas caras. Os gerentes procuram mais crupiês que falem espanhol, para que possam ensinar pessoas mais habituadas aos caça-níqueis a jogar cartas.
"É confortável aqui, somos bem-vindos e nos sentimos à vontade", disse Pascual Campos, 45, que veio de Palmdale, Califórnia, com sua família. "Eu não pago pelos quartos, não pago pelas refeições, não pago pelos shows. Apenas pago para jogar 21. Eles me tratam como um rei. É claro que eu quero voltar."
Em um show no último outono que apresentou o cantor country mexicano Ramón Ayala, executivos do cassino ficaram surpresos com a lotação. Quando um show recente terminou, dezenas de fãs ficaram dentro do teatro para tirar fotos com o artista. Mas a multidão maior havia voltado ao cassino. Os visitantes, agora lubrificados com mais algumas doses de tequila, alimentavam avidamente os caça-níqueis.


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