São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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A armadilha dos recursos

Ivan Alvarado/Reuters
Mina de nitrato abandonada no Chile; países que dependem da exportação de matérias-primas costumam padecer de escassez de investimentos

São Paulo, Brasil

Com orgulho, o Chile celebra neste mês o quanto avançou em 200 anos de independência, mas uma sombra paira acima das festividades. Ninguém se esquece dos 33 trabalhadores presos a 700 metros de profundidade numa mina. A exploração do cobre sempre ajudou a definir o Chile, e o país se uniu na sua determinação de salvar esses homens.
Mas eles provavelmente passarão meses sem ver a luz do dia, até que um poço de resgate seja escavado. De modo que os mineiros permanecem como uma constante lembrança de como o Chile continua sendo dependente das exportações de recursos naturais como principal motor da sua economia.
Eis um problema central, agora e no futuro, que o Chile compartilha com todos os seus vizinhos sul-americanos -a incapacidade de se libertar dos grilhões da exploração de commodities, que garante sua subsistência, mas os deixa vulneráveis aos ciclos de prosperidade e decadência e a terríveis flutuações cambiais. A atividade consome um capital que poderia ser usado no desenvolvimento de fontes de riquezas mais estáveis e lucrativas, como a indústria.
A disparada de desenvolvimento de outras terras, principalmente a China, só torna mais difícil fugir dessa armadilha. Conforme se industrializa e se torna um sofisticado exportador de bens manufaturados, a China desenvolve um apetite aparentemente insaciável pelo tipo de matéria-prima que a América do Sul produz -soja do Brasil e Argentina; minério de ferro do Brasil; cobre do Chile; petróleo do Brasil, Venezuela e outros.


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