São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Alemanha busca trabalhadores

Por JUDY DEMPSEY
BERLIM - Com o envelhecimento populacional e as medidas anti-inflação que mantêm os salários baixos em comparação a países vizinhos, a Alemanha descobriu ter escassez de mão de obra.
O desemprego é o menor em 18 anos.
Se muitos países comemoram taxas na casa de um dígito, na Alemanha isso é sinal de uma grave falta de trabalhadores.
A partir de 1° de maio, serão suspensas as restrições adotadas em 2004 por Alemanha e Áustria a trabalhadores do Leste Europeu, que devem chegar em grande número querendo se aproveitar da prosperidade econômica e dos generosos benefícios sociais da Alemanha.
Mas economistas dizem que muitos trabalhadores que desejariam emigrar dos oito países do Leste Europeu que aderiram à União Europeia em 2005 já o fizeram - para países como Grã-Bretanha, Irlanda e Suécia.
A consultoria McKinsey publicou, no ano passado, um relatório segundo o qual até 2020 a Alemanha terá um déficit de 2 milhões de profissionais qualificados.
O setor de engenharia, crucial para as exportações, diz já precisar de milhares de engenheiros.
O setor de saúde também enfrenta dificuldades.
"Até 2030, precisaremos de 1 milhão de pessoas a mais para cuidar dos idosos", disse Bernd Tews, diretor da Associação Federal de Cuidados Privados.
Nos próximos 50 anos, a população alemã deve cair de 82 para 65 milhões de pessoas.
O número de pessoas com 65 anos ou mais deve crescer 50% até o final da década de 2030, chegando a 24 milhões, segundo Joachim Möller, diretor do Instituto do Mercado de Trabalho, ligado ao Departamento Federal de Estatísticas.
A população maior de 80 anos passará de quase 4,5 milhões hoje para 10 milhões em 2050.
E os demógrafos dizem que a taxa de natalidade não basta para manter a população estável.
Os formuladores de políticas públicas consideram que será cada vez mais difícil elevar o imposto de renda para manter os aposentados sem que isso afete o crescimento econômico.
Temendo um enorme afluxo de trabalhadores que derrubasse os salários e tirasse empregos dos locais, Berlim e Viena adotaram em 2004 rígidas condições para imigrantes do Leste Europeu em busca de trabalho.
Centenas de milhares de jovens da Polônia, dos países bálticos, da República Tcheca e da Eslováquia encontraram empregos em outros lugares.
Möller acha que 100 mil europeus orientais chegarão agora à Alemanha, atraídos pela ideia de que se trata de um país rico, bem governado, com bons salários e um excelente sistema de bem-estar social.
Mas os salários no setor de serviços são baixos em comparação a outros países que integram a União Europeia.
"Os rendimentos no setor da hotelaria não são altos o suficiente para serem a única razão para deixar o país natal, especialmente se você também coloca na equação o custo de vida mais alto na Alemanha", afirmou Peter Verhoeven, diretor operacional da rede hoteleira Accor em terras alemãs.
Tentando resolver o problema, o governo elevou a idade de aposentadoria para 67 anos e estimula as mulheres a terem mais filhos.
Cogita também facilitar a contratação de imigrantes qualificados.
A Accor procura recrutar profissionais dentro da Alemanha.
Já algumas empresas do setor de saúde montaram cursos de treinamento no Leste Europeu.
"Estamos fazendo alguns treinamentos na Polônia e já olhamos para a República Tcheca", disse Tews.
Mas, segundo ele, "a maioria desses profissionais já foi embora".


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